Hoje, Marçal seria maior ameaça a Lula do que Caiado

Em política, tudo muda muito rápido e, não por acaso, dizem que pesquisa é momento. Nesse contexto, hoje, o empresário goiano Pablo Marçal (PRTB) seria uma ameaça maior ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pelo Planalto do que o governador Ronaldo Caiado (União Brasil).

O cenário fica mais visível diante da pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quinta-feira (12), que não tem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa – atualmente, inelegível. Marçal aparece com 18%, enquanto o governador de Goiás, 3%. Os números mostram, contudo, que a melhor colocada contra o petista seria a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), com 21%.

Outros que aparecem são o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), 17%, e os governadores Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, com 7%; e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, com 4%. Ao todo, 21% não responderam. 

Em cenários de segundo turno, Lula venceria Tarcísio por 52% a 26%, Marçal por 52% a 27% e Caiado por 54% a 20%. Mesmo que Bolsonaro estivesse na disputa, o resultado seria favorável ao petista, com 51% a 35%. Ao todo, foram 8.595 entrevistas presenciais com eleitores de 16 anos ou mais. A margem de erro estimada é de 1 ponto percentual e o nível de confiança é de 95%.

O levantamento testou, inclusive, o nome do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contra os mesmos nomes em segundo turno. Ele venceria também os quatro: Bolsonaro (42% a 35%), Tarcísio (44% a 25%), Marçal (42% a 28%) e Caiado (45% a 19%).

Marçal e o União Brasil

Com os números favoráveis a Marçal, os rumores de que ele iria para o União Brasil têm ganhado força desde o fim do mês passado. O goiano foi candidato a prefeito de São Paulo e por pouco não foi ao segundo turno. Recentemente, ele declarou que “as conversas estão em aberto, falta aparar algumas arestas”, indicando que a negociação existe e pode se concretizar.

É preciso dizer que a questão Marçal no União Brasil ainda depende de processos que o tornem inelegível. Um dos casos que pode impedi-lo de concorrer ao Planalto em 2026 foi a divulgação de laudo médico falso contra Guilherme Boulos (PSOL) para tentar associar o então candidato à prefeitura de São Paulo ao uso de drogas. A publicação ocorreu na véspera do primeiro turno das eleições.

Porém, a postura de Pablo Marçal em São Paulo mostrou que a direita vai além do ex-presidente Jair Bolsonaro. O empresário evidenciou competitividade e quase foi ao segundo turno, apesar dos parcos recursos do PRTB, partido que é filiado.

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Na campanha pela prefeitura de São Paulo, Pablo flertou com o apoio de Bolsonaro – que nunca aconteceu. O ex-presidente caminhou, de forma tímida, com o prefeito reeleito Ricardo Nunes (MDB). Porém, as rusgas com o clã Bolsonaro foram além de um “não” para o goiano. Os desentendimentos envolveram, também, os filhos de Bolsonaro – sobretudo Carlos e Eduardo.

O desentendimento levou Marçal a não declarar apoio a ninguém no segundo turno em São Paulo e cobrou que Bolsonaro pedisse desculpas publicamente pelos conflitos.

Caiado inelegível?

O governado de Goiás enfrentou um desgaste nessa semana com a condenação, em primeiro grau (ou seja, cabe recurso e não é aplicada imediatamente), com inelegibilidade de oito anos por abuso de poder político – a mesma que cassou o prefeito eleito Sandro Mabel (União Brasil). O motivo seriam jantares com lideranças políticas no Palácio das Esmeraldas, em 7 e 9 de outubro. 

Todavia, os advogados do governador minimizam. Eles afirmam que “o evento apurado na ação, ocorrido na residência oficial do Governador, teve como propósito homenagear os vereadores eleitos em Goiânia e iniciar uma relação institucional entre o Executivo Estadual e o Legislativo Municipal”. 

Para eles, “as atividades eleitorais relacionadas ao pleito municipal de 2024 foram realizadas fora do Palácio das Esmeraldas, nas ruas ou na sede do partido político dos candidatos, respeitando a legislação eleitoral. A defesa, portanto, reafirma que não houve ilícito eleitoral, ou qual, se tivesse ocorrido, ensejaria, no máximo, a aplicação de uma multa”.

Na avaliação de juristas, um recurso pode dar um resultado positivo na Justiça ao governador e ao prefeito eleito. Contudo, a notícia ganhou destaque nacional. E essa não é a mídia que Caiado, que trabalha para lançar seu nome ao Planalto, deseja.

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