A ascensão de Romário Policarpo na política de Goiânia

Presidente da Câmara de Goiânia, Romário Policarpo (PRD) é conhecido como um dos políticos mais bem articulados, hoje, na capital. Durante a atual gestão de Rogério Cruz (Solidariedade), ele mostrou a força do Legislativo goianiense e poder perante o Executivo. 

A trajetória do vereador, contudo, começou relativamente humilde na política. Em 2016, a primeira eleição, o guarda civil metropolitano foi um dos seis últimos a garantir cadeira na Câmara, com 3.185 votos. 

À época, as bases que elegeram Romário incluíam a Guarda Civil Metropolitana, o funcionalismo público e a comunidade do bairro Crimeia. Mais tarde, ele também garantiria o apoio dos vilanovenses de Goiânia. 

Já em 2020, ele conseguiu ampliar o grupo e garantir 4.541 votos, sendo décimo primeiro mais bem votado. Neste ano, ele ficou em terceiro, com 11.496 votos. Um crescimento de 261%, se comparado à primeira disputa de Policarpo. 

É preciso dizer, ainda que não tivesse se tornado um expoente em votos, Romário sabia como articular. Em 2018, ele garantiu a eleição da Câmara para o biênio 2019/2020 por 24 votos a 11. 

Ainda era a gestão de Iris Rezende (MDB), com quem Policarpo sempre manteve boa relação. Inclusive, foi o emedebista quem incentivou o GCM a disputar a Câmara, em 2016. Essa boa relação, vale citar, fez com que o presidente do Legislativo fosse cotado para ser o vice do então candidato à prefeitura de Goiânia, Maguito Vilela (MDB).

Ele, contudo, preferiu permanecer na Câmara. Foi reeleito presidente para o biênio 2021/2022 com 21 votos contra 14. Ainda em setembro de 2021, ele antecipou a eleição para o 2023/2024, garantindo a manutenção no cargo. O caso foi discutido na Justiça, que, ao fim, foi favorável ao vereador. 

A continuidade no cargo é permitida graças a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2022, que estabeleceu como marco temporal o dia 7 de janeiro de 2021 para contagem dos mandatos das Mesas Diretoras. Com isso, a eleição de Policarpo para o segundo biênio da 19ª Legislatura, em setembro de 2021, é considerada sua primeira gestão. Assim, ele ainda pode disputar a reeleição.

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Apesar da base jurídica que sustenta sua candidatura, a possibilidade de reeleição gerou questionamentos. No ano passado, uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) foi movida pelo partido Democracia Cristã (DC), mas o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) manteve a validade do terceiro mandato. Situação semelhante ocorreu em 2021, quando o extinto Partido Republicano da Ordem Social (Pros) tentou barrar a reeleição de Policarpo, também sem sucesso.

Está praticamente pacificado que Romário assumirá mais um mandato de presidente da Câmara de Goiânia. O MDB recuou e confirmou que não disputará o cargo. 

Relação

Como mencionado, a relação de Romário com Iris era boa. Inclusive, com o prefeito o incentivando. O mesmo não se pode dizer Rogério Cruz. 

Em 2022, Rogério chegou a deixar a cadeira de prefeito para Romário, mas houve tensão durante alguns momentos da gestão. Policarpo chegou a fazer diversas críticas a gestão. Em maio de 2023, ele chegou a dizer que o prefeito não conhecia a cidade. 

“Acho que antes de pensar em obras tão gigantes, o básico deveria estar sendo feito. O programa Goiânia Adiante é mais uma peça publicitária do que de fato algo que resolva o problema da cidade. Se você perguntar para o cidadão goianiense o que ele deseja, ele deseja que o básico seja resolvido. A coleta do lixo, o buraco na via, a iluminação que não funciona, os sinais que estão dessincronizados. Ele [o cidadão goianiense] não está muito preocupado com o Goiânia Adiante”, disse à época, ao O Popular. Posteriormente, eles se reaproximaram e mantiveram o relacionamento republicano.

Por outro lado, a situação com o prefeito eleito, Sandro Mabel (União Brasil), parece começar bem. O presidente da Câmara, além de estar na base do gestor, mobilizou aliados com reuniões durante a campanha. Ele, inclusive, teria a bênção do futuro chefe do Executivo para continuar no comando do Legislativo. 

Futuro

Em 2022, Romário Policarpo chegou a ser pré-candidato à Câmara Federal pelo Patriota, partido que se fundiu com o PTB para formar o PRD. O vereador recuou da disputa e resolveu permanecer no parlamento da capital para outro mandato. 

Contudo, para 2026 a situação pode ser outra. O presidente da Casa é ventilado para concorrer a uma cadeira da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). A boa votação de Romário, neste ano, cacifa o vereador para tentar subir mais um degrau. 

Isso, porque Romário tem outras pretensões. O guarda civil já confidenciou a aliados que gostaria de tentar o cargo de deputado federal, mas, principalmente, o de prefeito de Goiânia.

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