Transforme sua alimentação para aliviar as crises de enxaqueca

A enxaqueca é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, caracterizada por intensas dores de cabeça que podem ser acompanhadas por sintomas como náuseas, vômitos, sensibilidade à luz e ao som. Essa condição tem causas multifatoriais, incluindo alterações neurológicas, gastrointestinais e variações autônomas. Contudo, a relação entre a alimentação e a enxaqueca vem ganhando cada vez mais destaque nas pesquisas científicas, evidenciando o papel crucial que a nutrição desempenha no manejo das crises.

A relação entre alimentos e a enxaqueca 

Para muitas pessoas que sofrem de enxaqueca, os ataques podem parecer surgir sem uma causa aparente. No entanto, estudos demonstram que determinados alimentos têm a capacidade de influenciar as vias nervosas associadas à dor de cabeça, seja por suas propriedades vasoconstritoras ou vasodilatadoras. Esse impacto está relacionado a substâncias químicas presentes nos alimentos que podem desencadear ou aliviar as crises.

Essa relação se torna ainda mais complexa quando consideramos as diferenças individuais, incluindo fatores como sexo, hormônios e sensibilidades específicas. Pesquisas indicam que as mulheres são mais suscetíveis a gatilhos alimentares devido às interações hormonais e diferenças na sensibilidade dos receptores de neurotransmissores.

Segundo a nutricionista clínica e comportamental Nathália Cordeiro, a  deficiência de nutrientes essenciais, como as vitaminas do complexo B, pode agravar os episódios de enxaqueca, mostrando que uma dieta equilibrada e rica em nutrientes é um componente essencial no controle dessa condição.

Alimentos que devem ser evitados

Embora a dieta possa ser uma aliada no manejo da enxaqueca, certos alimentos são conhecidos por desencadear crises em indivíduos predispostos. Dessa forma, segundo a nutricionista, estes alimentos devem ser evitados por pessoas que sofrem de enxaqueca. Primeiramente, os queijos duros ou curados, uma vez que eles possuem  tiramina e histamina, que podem atuar como gatilhos em indivíduos sensíveis. Além disso, as bebidas alcoólicas que possuem substâncias como taninos, aldeídos, sulfetos e etanol presentes no álcool têm efeitos vasodilatadores que podem precipitar uma crise.

Ainda sim, aditivos alimentares e realçadores de sabor, sendo eles, glutamato monossódico, nitritos e nitratos, comumente encontrados em alimentos processados, são também desencadeantes conhecidos. Agora para os chocólatras de plantão, o chocolate pode ser vilão, uma vez que contém feniletilamina, tiramina, teobromina e cafeína, o chocolate pode causar enxaqueca em algumas pessoas.

Também é preciso se atentar ao consumo de cafeína, que pode ser encontrada em café, chá preto, chá mate ou escuro, bebidas à base de cola e guaraná. Além disso, adoçantes artificiais como Aspartame e sucralose, presentes em alimentos diet e light, são potenciais desencadeantes.

Lácteos com lactose para indivíduos com intolerância à lactose, esses alimentos podem agravar os sintomas. Por fim, frutas cítricas que deve ser avaliada a tolerância individual.

“É sempre importante ler a lista de ingredientes presente no rótulo dos alimentos, especialmente para verificar a presença de aditivos alimentares, adoçantes artificiais e cafeína.”, aponta a nutricionista.

Alimentos que podem reduzir as crises de enxaqueca

Por outro lado, segundo a nutricionista, alguns alimentos podem ser grandes aliados no controle das crises, principalmente os ricos em magnésio. Esse mineral é conhecido por sua capacidade de relaxar os vasos sanguíneos e regular as atividades neurológicas, fatores importantes no alívio da enxaqueca.

Entre os alimentos mais recomendados estão as folhas verdes escuras como Espinafre, acelga e brócolis que são ricos em magnésio e outros nutrientes que ajudam na saúde cerebral. Além disso, leguminosas como feijão, lentilha e grão de bico que fornecem proteínas e magnésio, além de contribuírem para uma dieta equilibrada.

Ainda sim, frutas como abacate e banana que são fontes naturais de magnésio e potássio, ajudam a estabilizar os níveis de energia e prevenir crises. Dessa forma, apostar em grãos integrais como aveia e farelo de trigo que são ricos em fibras e nutrientes podem promover a saúde vascular.

Por fim, oleaginosas e sementes como nozes, sementes de abóbora, chia, linhaça e castanhas fornecem gorduras saudáveis e magnésio. E também, temperos naturais como Açafrão e cominho têm propriedades anti-inflamatórias que podem reduzir a frequência e a intensidade das crises.

Suplementação como apoio nutricional

Para algumas pessoas, a dieta sozinha pode não ser suficiente para fornecer todos os nutrientes necessários. Nesse caso, a suplementação pode ser uma alternativa eficaz. Dessa forma, a nutricionista Nathália Cordeiro aponta benefícios no uso de Magnésio, Coenzima Q10, Vitamina D e Vitaminas do complexo B. 

A importância do acompanhamento nutricional e médico 

Apesar dos benefícios comprovados de uma alimentação adequada, é fundamental lembrar que a enxaqueca é uma condição multifatorial. O acompanhamento de um nutricionista pode ajudar a identificar gatilhos alimentares individuais, corrigir deficiências nutricionais e adequar a dieta às necessidades específicas de cada pessoa.

“É importante um acompanhamento nutricional para uma avaliação individualizada, adequação da dieta,  avaliar e tratar possíveis alterações intestinais que podem ter relação com as crises. Como por exemplo, síndrome do intestino irritável, intolerâncias alimentares e outras. “, afirma a nutricionista Nathália Cordeiro.

Além disso, mudanças na alimentação não substituem o tratamento médico. Medicamentos prescritos por profissionais de saúde, terapias alternativas e mudanças no estilo de vida, como a redução do estresse e o cuidado com os hábitos de sono, também desempenham papéis importantes no controle da enxaqueca.

O manejo da enxaqueca requer uma abordagem integrada que combina mudanças na alimentação, uso de suplementos, tratamentos médicos e ajustes no estilo de vida. Conhecer os alimentos que desencadeiam ou aliviam crises é um passo importante para melhorar a qualidade de vida de quem sofre dessa condição. Com uma dieta bem planejada e o acompanhamento adequado, é possível reduzir a frequência e a intensidade das crises, promovendo mais saúde e bem-estar.

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