Estudantes reconstroem o DCE da UNAMA

Após 5 anos de abandono da entidade, mobilização encabeçada pelo Movimento Correnteza reconstruiu o DCE da Universidade da Amazônia (UNAMA). A vitoriosa chapa “Pra Fazer Acontecer”, que vendeu 111 jornais na eleição, promete enfrentar a precarização do ensino pelo Grupo Ser, monopólio privado que gere a UNAMA

Nicole Bel e Ícaro Santos | Belém (PA)


Neste fim de ano, a vitória da chapa “Pra Fazer Acontecer”, com a participação do Movimento Correnteza, marcou a reconstrução do Diretório Central dos Estudantes da Universidade da Amazônia (DCE UNAMA).

Há quase 5 anos, o DCE da UNAMA estava abandonado, deixando os estudantes da instituição sem qualquer forma de representação, sentindo na pele a precarização do ensino pelas mãos do grupo Ser. Essa grande empresa monopolista do setor do ensino superior privado é a atual mantenedora da UNAMA e tem sob seu poder um grande número de universidades particulares em todo país.

Para enfrentar esse cenário, o Movimento Correnteza organizou núcleos de atuação na universidade, convocou reuniões e plenárias para ouvir com detalhe as demandas de cada curso. Após a organização inicial, foram travadas lutas reivindicatórias de extrema importância, representando o interesse dos estudantes, demonstrando a luta como alternativa e pavimentando os primeiros passos para a refundação da entidade.

Precarização do ensino

Com base nos núcleos e plenárias, os estudantes denunciaram que apesar de pagarem por cursos presenciais, em muitos cursos há a presença das disciplinas online (DOL),  além do abuso de taxas cobradas nas primeiras mensalidades de diversos calouros. As DOL são a expressão prática da implementação da Portaria N° 2.117/19 do MEC, aprovada no governo do fascista Jair Bolsonaro, que permite até 40% de Ensino à Distância (EaD) nos cursos de graduação das universidades privadas e públicas sem que eles deixem de ser considerados “presenciais”.

Para elevar cada vez mais seu lucro, as instituições privadas em todo Brasil estão se aproveitando desta portaria para impor a modalidade EaD no máximo de cursos possíveis em pouquíssimo tempo. O Movimento Correnteza denuncia que essa manobra precariza a qualidade do ensino, explora os professores, e na prática, torna os cursos híbridos, enquanto os estudantes seguem pagando por cursos presenciais.

Jornal organiza luta estudantil

Diante de tanto desrespeito, os estudantes decidiram pela reconstrução do DCE, que havia sido abandonado pela última gestão. Em 2023, atas do DCE foram fraudadas pelas forças majoritárias da União Nacional dos Estudantes (UNE) para a obtenção de vantagens no congresso da entidade, à revelia dos estudantes que cada vez mais percebiam a mercantilização, a piora do ensino e a falta de um instrumento para conduzir suas lutas. Por isso, no segundo semestre, o Movimento Correnteza realizou diversas passagens em sala e panfletagens convidando os alunos a se organizarem e participarem da assembleia de refundação do DCE, que deu início ao processo.

É necessário destacar o papel que o jornal A Verdade cumpriu para a difusão de importantes debates políticos, como o papel central da organização coletiva. Ele também sempre se manteve no centro da luta dos estudantes, já que todas as panfletagens foram acompanhadas de brigadas dos jornal, que totalizaram 111 exemplares vendidos durante o período eleitoral. Além disso, nas reuniões de núcleo do Movimento Correnteza, são estudadas as as matérias que denunciam a realidade cada vez pior dos estudantes, apontando a luta coletiva como saída e solução desses problemas.

O Movimento Correnteza, junto com estudantes independentes, inscreveu nas eleições do DCE UNAMA a chapa “Pra Fazer Acontecer”, que construiu vários dias de mobilizações onde diversos problemas da universidade foram denunciados, como a infraestrutura precária, a burocracia acadêmica e as mensalidades abusivas. Ao fim, a eleição se concluiu com 786 votos para a chapa, vindos de estudantes que acreditaram na organização do movimento estudantil e estavam ansiosos por colocar a UNAMA de volta para a luta.

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