Itália: greve geral reúne mais de 500 mil trabalhadores contra proposta do governo Meloni

Na Itália, os trabalhadores foram às ruas em mais de 40 cidades para protestar contra a nova proposta de orçamento, que prevê o aumento dos ataques às condições de vida dos operários e trabalhadores e promove uma política econômica de serviço exclusivo aos grandes ricos do país.

Wildally Souza | São Paulo


INTERNACIONAL – Mais de 500 mil trabalhadores e operários de toda a Itália aderiram à greve geral no país, contra a proposta orçamentária da primeira-ministra Giorgia Meloni (Irmãos da Itália, direita), para 2025. Pressionados pelos trabalhadores que disseram estar “cansados do imobilismo” das Frentes Sindicais perante os ataques do capitalismo, a greve foi convocada oficialmente pela CGIL (Confederação Geral Italiana do Trabalho) e pela UIL (União Italiana do Trabalho) e envolveu todos os setores públicos e privados, com exceção dos transportes ferroviários que já estavam em greve pela redução da jornada de trabalho e aumento imediato dos salários.

Os operários denunciam que será impossível viver com os salários de miséria e fome proposto por Giorgia Meloni e acatado pelo Ministro da Economia e Finanças, Giancarllo Giorgetti, para os próximos anos. 

Manobra orçamental antipovo

Entre as medidas estão cortes no repasse financeiro para setores fundamentais como saúde, educação e programas sociais. O orçamento ainda não prevê um centavo para questões de moradia.  Além do corte de mais de 12 bilhões do orçamento para prefeituras e ministérios locais, sendo 3,2 bilhões de euros das autoridades locais (2015-2029) e mais 5 bilhões de euros de 2030 à 2037, além de 7,7 bilhões em corte anuais nos ministérios, principalmente os trabalhistas, o que poderá levar municípios italianos e até mesmo regiões inteiras à falência. 

Na educação quase 8.000 cargos serão extintos e servidores demitidos; no setor público, uma redução de 25% no volume de contratos, o que significa a demissão de 1.200.000 trabalhadores. Já na saúde não haverá recomposição orçamentária proporcional e as 30 mil contratações previstas não serão efetivadas. Além disso, cortes em hospitais e residências comunitárias estão como prioridade na manobra orçamental. 

A situação dos aposentados também é crítica. A lei Monti-Fornero, reforma previdenciária aprovada para os anos de 2014-2025, será ainda mais agravada e o aumento da idade para aposentadoria vai obrigar os trabalhadores a permanecerem no trabalho até os 70 anos; hoje a idade mínima é de 66 anos com 20 anos de contribuição. 

De acordo com nota da Plataforma Comunista – pelo Partido Comunista do Proletariado da Itália, “esse orçamento aprovado pelo governo Meloni enquadra a Itália nas regras aprovadas pelo Parlamento Europeu no chamado “Pacto de Estabilidade da União Europeia”, pacto esse que garante financiamento para as guerras imperialistas e exploração dos especuladores e monopolistas às custas do suor e da vida dos operários dos países europeus”.

Governo Meloni promove o imperialismo

O financiamento do clima de guerra e agravamento dos conflitos interimperialistas é a única rubrica de todo o documento onde prevê significativo e forte aumento de orçamento, deixando explícita a política fascista do governo Meloni. Lembremos que no começo desse ano foi divulgado dados de que a Itália forneceu helicópteros e armas para Israel promover massacres contra o povo palestino na Faixa de Gaza. Além disso, é um dos países que financia a guerra imperialista Rússia e Ucrânia. 

Em tudo isso, os trabalhadores são as principais vítimas do imperialismo, que os escravizam, tomam suas casas, os deixam na miséria e desempregados para financiar guerras e os grandes monopolistas internacionais, que projetam o avanço do fascismo no mundo, para poderem expandir seus domínios sobre a classe trabalhadora e os operários do mundo. 

A intensa retirada de direitos do povo pobre na Itália foi a razão para os trabalhadores ocuparem as ruas e pararem a produção no país, cruzar os braços e dizer para a burguesia italiana que irão lutar e reivindicar sua liberdade e direitos. 

A única saída é a luta

Apesar de contar com mais de 500 mil trabalhadores, 70% de adesão dos trabalhadores nas categorias essenciais, chegando a 100% em algumas categorias mais específicas, como o caso dos comerciários, a greve durou apenas 8 horas. Os aeroportos pararam e voos foram cancelados, empresas ficaram horas com as máquinas paradas e servidores públicos largaram seus postos de trabalho para ir para se juntar aos grevistas. Trabalhadores e movimentos sociais ainda denunciam falta de coragem dos sindicatos de base social-democrata e prometem voltar às ruas para combater o fascismo e reivindicar seus direitos custe o que custar.

É perceptível que estamos diante de um afunilamento inconciliável da luta de classes. No próximo período deve crescer as mobilizações e as greves em todo o mundo com o objetivo de denunciar os crimes do capitalismo, a exploração e as condições de vida dos trabalhadores e operários. Essas manifestações devem colocar para os povos de todo o mundo a real necessidade de uma ruptura completa com o sistema capitalista e o fortalecimento de uma unidade combativa da classe trabalhadora para que o poder deixe de estar nas mãos dos vermes fascistas, e passe a emanar das mãos dos operários e trabalhadores, e levante-se a bandeira revolucionária do socialismo, única saída para a exploração, a fome, os baixos salários e o desemprego.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.