Logo após perder a filha, Lucinha entrou em depressão profunda e tentou tirar a própria vida algumas vezes. A família vivia vigilante a todo momento, para evitar mais uma tragédia. Foi então que a mãe da criança decidiu se levantar e lutar. Foram meses frequentando psicólogos e psiquiatras, cuidando da saúde mental e investigando por conta própria a morte da filha, enquanto esperava e cobrava respostas do Estado.Ela teve ajuda. Um investigador do Departamento de Polícia de Miami, Freddy Ponce, a conheceu em uma live e disse que iria transformá-la em uma investigadora, ajudando no caso.InícioQuando foi informado que a câmera da escola em que Beatriz estudava estava com defeito, e depois as imagens apareceram, a investigação começou. Freddy traçou o perfil do assassino, fazendo um retrato falado e relacionando-o como um criminoso sexual, com foco principalmente em crianças.Após as primeiras informações, Lucinha partiu para a ação, usando uma peruca loira e criando um personagem, uma vendedora de cosméticos.Conteúdo relacionado:Médica da Santa Casa é sequestrada ao sair de bar em BelémPM prende suspeito de homicídio por recusa de senha de Wi-FiPrincesa Anne é internada após acidente com cavaloDurante esse período, Lucinha decidiu fazer o curso de direito para melhor entender o inquérito policial. Ela afirmava que a linguagem “juridiquês” dificulta o processo de investigação para quem não a entende.Todo dia 10 de cada mês, Lucinha fazia protestos em frente à escola. Beatriz morreu em 10 de dezembro de 2015. Durante a investigação, ela descobriu que o chefe do Departamento de Polícia Científica de Pernambuco era segurança particular da escola, o que a fez intensificar as investigações, com o objetivo de identificar a pessoa e conduzi-la até a delegacia para fazer exame de DNA e comparar com o material genético do assassino encontrado na arma do crime. Ela tinha a intenção de levar o DNA até o Banco Nacional de Perfis Genéticos.Para isso, Lucinha batia de porta em porta com revistas de amostras, conversando sobre os produtos e conseguindo as informações que queria. Em uma ocasião, ela conseguiu achar dois suspeitos no Ceará, levando as informações para o delegado. Ele realizava todos os procedimentos, até a coleta de material genético, mas, segundo ela, Pernambuco não buscava o material. Um desses homens era justamente o autor do crime.Quer mais notícias do Brasil? acesse o nosso canal no WhatsAppCaminhada de Petrolina a RecifeFoi então que Lucinha decidiu tomar uma medida extrema: em dezembro de 2021, ela fez uma caminhada de 712 quilômetros de Petrolina a Recife. Após o percurso, que durou 24 dias e 24 noites, com outras pessoas que acreditavam na causa, o governador de Pernambuco se viu obrigado a receber Lucinha em seu gabinete.“Eu pedi que ele colocasse o DNA [presente na arma do crime contra Beatriz] no banco nacional e ele me falou que já tinha colocado, mas eu sabia que não”, disse ela em entrevista ao UOL. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Lucinha Mota (@lucinha.mota)Inconformada com a situação, ela ameaçou denunciar o governador à Corte Interamericana de Direitos Humanos como cúmplice de assassinato. Foi então que o material genético foi finalmente enviado ao Banco Nacional de Perfis Genéticos.O caso teve seu desfecho: o suspeito já estava cumprindo pena pelo estupro de uma criança de oito anos, ocorrido um ano após a morte de Beatriz.O material genético do homem já estava desde 2017 no Banco Nacional de Perfis Genéticos, o que, segundo Lucinha, é a maior prova de que o governo de Pernambuco só confrontou o material quando a caminhada foi realizada.”Conseguimos finalizar uma etapa, que é o inquérito. Em relação a isso, consegui justiça. Chegamos à autoria, chegamos à motivação. Mas isso só terá fim no dia em que o assassino for julgado e condenado, no dia em que eu sair do júri com a sentença dele. Só assim a Beatriz vai ter a justiça que ela tanto merece”, disse em entrevista.Por meio de nota, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, afirmou que essa foi uma das investigações mais complexas já realizadas pela Polícia Civil do Estado.Segundo a nota, só com a evolução da tecnologia e a dedicação da equipe de genética forense da Secretaria de Defesa Social foi possível chegar ao DNA do autor.
Mãe percorre 700 km para encontrar assassino da filha
Beatriz Angélica Ferreira da Silva foi morta a facadas dentro da própria escola em Petrolina (PE), quando tinha apenas sete anos de idade. Inconformada com o ocorrido, a mãe da criança, Lucinha Mota, decidiu conduzir uma investigação por conta própria, paralela à da polícia.Mas o processo não foi fácil. Lucinha percorreu mais de 700 km de norte a sul do Brasil para encontrar o criminoso. E conseguiu!
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