Fim de ano: veja os cuidados ao soltar fogos de artifício

Entre o encanto das luzes vibrantes e o som dos fogos de artifício, uma tradição em muitas festas, há um perigo que pode se transformar em acidente quando manuseados sem cuidado. Dados do Ministério da Saúde (MS) revelam um aumento nos registros de internações por acidentes com fogos de artifício no Brasil, somando 288 ocorrências no Sistema Único de Saúde (SUS) entre janeiro e setembro deste ano, frente a 271 no mesmo período de 2023.No Pará, conforme a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), os números também são preocupantes: o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE) atendeu 616 pacientes no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) em 2023, sendo 400 internações. Em 2024, só de janeiro a outubro de 2024, o HMUE contabilizou 538 atendimentos e 266 internações no CTQ.Para o médico Mário Assis, especialista em cirurgia do trauma ortopédico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão (SBCM), os acidentes mais comuns envolvem queimaduras, lacerações (ferimentos), lesões nos tendões e nervos das mãos, fraturas, além de danos graves aos olhos. “As queimaduras, que vão de primeiro a terceiro grau, são as mais recorrentes. Elas podem causar perda de sensibilidade e, em casos mais profundos, retração cicatricial dos tecidos, o que implica na perda de movimento”, explica.Conteúdos relacionados:Soltar fogos de artifício pode causar lesões irreversíveisSaiba os cuidados com fogos de artifício e fogueiras“Além de deixar cicatrizes permanentes que afetam não apenas a funcionalidade, mas também o psicológico da vítima”, continua. Os olhos, segundo o especialista, também estão frequentemente expostos a lesões diretas ou causadas por faíscas. “Se acometerem os olhos, que são muito sensíveis, e ultrapassar o limite da córnea, pode causar cegueira”, alerta.Entre outubro e dezembro, período de festas, o aumento no número de acidentes é significativo. “No final do ano, atendemos entre 15 e 20 casos de lesões relacionadas a fogos. É um evento sazonal, que aumenta nesta época”, observa. Isso gera não apenas impactos na saúde, mas também transtornos financeiros e emocionais.“É importante lembrar que a reabilitação é prolongada e isso causa uma série de transtornos como o afastamento da atividade laboral, tornando uma cascata de coisas negativas”.ORIENTAÇÃOEm casos de acidentes, a orientação é agir com calma e evitar práticas populares que podem agravar a situação. “Jamais aplique manteiga, pomadas, que é comum a aplicação de antibióticos, ou talco nas queimaduras, pois isso dificulta o trabalho médico posterior e aumenta o risco de infecção. O ideal é lavar com água corrente, cobrir com um pano limpo e aplicar uma compressa gelada”, orienta.Quer saber mais notícias do Pará? Acesse nosso canal no WhatsappEm casos de sangramento ativo, fazer uma compressa gelada e procurar atendimento médico urgentemente. Já para a perda de algum membro, a parte do corpo perdida deve ser colocada em um saco plástico com água limpa ou soro fisiológico e, em seguida, o saco acomodado em um recipiente com gelo, evitando o contato direto do gelo com a parte do corpo. “Se o tempo decorrido for superior a três horas, a reimplantação pode não ser possível”, pontua.PREVENÇÃOMário Assis acredita que campanhas educativas são importantes para reduzir os números de acidentes. É fundamental adquirir produtos regulamentados, manuseá-los com suportes adequados e utilizar equipamentos de proteção, como óculos e luvas.Além das pessoas envolvidas na realização da atividade, os animais domésticos e os grupos mais vulneráveis, como crianças e idosos, também precisam de proteção. A recomendação é manter-se a uma distância mínima de 20 metros de qualquer área onde fogos sejam acionados. “Além disso, optar por alternativas como drones ou fogos de artifício que não causam explosões, que promovem apenas o brilho, que é o que causa a beleza, também é uma forma mais segura de celebrar”, sugere.
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