Prefeito de Formosa recua com envio de projetos para complicar gestão da sucessora Simone Ribeiro

Em Formosa, a transição de governo tem se mostrado longe de ser republicana como se esperava. No apagar das luzes, faltando menos de dez dias para o fim de seu mandato, o prefeito Gustavo Marques (Podemos) enviou, na última quinta-feira (19), mais de duas dezenas de projetos a serem aprovados pela Câmara Municipal. 

Eles iriam ser submetidos a votação em uma sessão extraordinária na noite da última sexta-feira (20), dia atípico para as sessões plenárias – ainda mais no final de uma gestão, o que gerou suspeitas sobre a pressa para aprová-los, no entanto, uma multidão de pessoas se reuniu na porta da Câmara de Formosa e conseguiu barrar a manobra do atual prefeito, que muitos consideraram uma atitude de “mau perdedor”. Assim, o pacote de 22 projetos não foi votado pelo parlamento do município.

“Pacote de maldades”

Os projetos, denominados de “pacote de maldades”, envolvia medidas controversas, como a criação de novas autarquias, o parcelamento das dívidas com a previdência, a doação de terrenos públicos para empresas supostamente próximas ao prefeito, e a criação de novos cargos e despesas que podem agravar ainda mais a crise fiscal já enfrentada pelo município. Um dos projetos que chamou atenção é aquele que garante segurança pessoal para o futuro ex-prefeito, Gustavo Marques.

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O Projeto de Lei nº 7/24, por exemplo, propunha a criação de uma espécie de “subprefeitura” dentro da Secretaria Municipal de Educação, com a implementação de novos cargos e a readequação salarial de R$ 1,5 mil para até R$ 17 mil.

Vale destacar que Formosa enfrenta uma dívida aproximada de R$ 100 milhões em precatórios, um déficit de R$ 25 milhões e um calote previdenciário superior a R$ 8 milhões.

Derrota para a elite política de Formosa

Simone Ribeiro, a primeira mulher e candidata parda a ser eleita prefeita da cidade, venceu a elite política de Formosa, o que tem gerado bastante incômodo nos “coronéis” do município. Nas eleições deste ano, Ribeiro recebeu 23.319 votos, o que equivalente a 41,44% dos votos válidos. Ao O Hoje a prefeita acusou a oposição, composta por vereadores derrotados nas eleições deste ano, de ter se aliado ao prefeito Gustavo Marques para criar uma série de obstáculos para sua gestão com a aprovação de dezenas de projetos, justamente, no final de governo.

“A lei de Responsabilidade Fiscal está sendo ferida e isso não é interessante para a população. Como que o prefeito que está saindo, está gerando mais gastos para a nova gestão?”, questionou Ribeiro afirmando que as medidas do atual prefeito não são maléficas diretamente a ela, mas a toda população.

A prefeita eleita Simone Ribeiro criticou, ao O Hoje, a quantidade de projetos extraordinários aprovados durante o mandato de Gustavo Marques. “Durante seu governo, o prefeito enviou quase 200 projetos para serem apreciados de forma extraordinária, enquanto apenas 35 foram discutidos em sessões ordinárias. Isso demonstra uma clara falta de transparência e compromisso com a população”, ressaltou.

Prefeito acusado de corrupção e porte ilegal de armas

Essa não é a primeira vez que o prefeito de Formosa se envolve em polêmicas. Em abril deste ano, por exemplo, Gustavo Marques foi expulso do Partido Progressistas (PP), após ser investigado por um esquema de corrupção. O Ministério Público de Goiás (MP-GO) revelou que contratos públicos da prefeitura eram alvo de cobrança de propinas em valores que chegavam a milhões de reais.

O jornal O Hoje procurou o prefeito Gustavo Marques, mas ele não foi localizado para comentar os novos projetos enviados à Câmara. O espaço segue aberto para manifestação.

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