Confronto pós-eleições em Moçambique deixam 125 mortos em três dias

Moçambique enfrenta uma onda de violência após a confirmação da vitória do candidato governista Daniel Chapo nas eleições presidenciais. Pelo menos 125 pessoas morreram desde a última segunda-feira (23), segundo a ONG Plataforma Decide. O número eleva o total de mortes relacionadas aos protestos eleitorais, iniciados em outubro, para 252.

Em Goiás, as manifestações aumentaram após o Conselho Constitucional oficializar Chapo, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), como vencedor com 65% dos votos. Seu principal adversário, Venâncio Mondlane, que obteve 24% dos votos, alega fraude eleitoral e se declarou vencedor. Ele convocou manifestações em todo o país, pedindo mediação internacional para resolver a crise.

Confrontos em Moçambique

Segundo o governo moçambicano, o número oficial de mortes é menor. Até terça-feira (24), 21 mortes foram confirmadas, além de 24 feridos, sendo 13 policiais. Já a Plataforma Decide informou que 102 pessoas foram detidas pelas forças de segurança.

A segunda onda de confrontos começou após a decisão do Conselho Constitucional. Protestos tomaram várias cidades, com saques e vandalismo registrados em delegacias, escolas, hospitais e tribunais. O ministro do Interior, Pascoal Ronda, afirmou que os atos ameaçam a segurança pública e a democracia do país.

Grupos de direitos humanos acusam as forças de segurança de uso excessivo da força. Conforme relatos, foram utilizados balas de borracha e munição real contra os manifestantes. Mondlane, por sua vez, acusou as autoridades de permitirem os saques como pretexto para reprimir os protestos e declarar estado de emergência.

A situação econômica de Moçambique também se agrava. O ciclone Chido, que atingiu o país há mais de uma semana, já causou 120 mortes e afetou cerca de 450 mil pessoas. Além disso, a insurgência no norte do país, associada ao Estado Islâmico, continua desalojando famílias e interrompendo atividades econômicas, como os projetos de gás natural.

Na capital Maputo, a população enfrenta escassez de combustíveis e alimentos. Longas filas nos postos de gasolina foram registradas, e os preços nos mercados locais aumentaram. Além disso, bairros organizam vigilância comunitária por temerem invasões a residências.

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