Janeiro Branco reforça importância do cuidado com a saúde mental

Iniciamos o ano de 2025 e com ele a campanha Janeiro branco, que tem como objetivo conscientizar sobre a importância de cuidar da saúde mental e emocional da população, prevenindo doenças relacionadas ao estresse, como ansiedade, depressão e pânico. As doenças mentais podem surgir devido a diversos fatores, tais como genética, estresse, uso excessivo de substâncias e traumas. Também são incluídos nesta lista os distúrbios de humor, a esquizofrenia e o transtorno bipolar.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 5% da população mundial sofre de depressão, e os transtornos de ansiedade afetam cerca de 3,6%. No Brasil, a prevalência é ainda maior, sendo o país mais ansioso do mundo (9,3% da população).

Para o psicólogo Bruno Fernandes Borginho, a ausência de atenção à vida emocional e cognitiva pode adoecer o corpo e impactar negativamente as pessoas ao nosso redor. “Dependemos da nossa atividade mental para viver plenamente todas as áreas de nossa vida”, ressalta.

Entre os sinais de alerta que indicam a necessidade de buscar apoio psicológico ou psiquiátrico, Borginho menciona o esgotamento emocional, a irritabilidade persistente, o desânimo que não melhora e o pessimismo exagerado, que torna tudo sem graça. Alterações no sono, no apetite e até sintomas físicos, como dores ou problemas dermatológicos sem causa aparente, também podem ser indícios de que algo não vai bem.

Campanhas como o Janeiro Branco ajudam a combater o estigma sobre saúde mental ao naturalizar o diálogo sobre o tema. “Falar é uma atividade básica do ser humano, e essas campanhas nos lembram de não ignorar nossos sentimentos. Antes mesmo de aprendermos a falar, somos guiados por nossas emoções, que funcionam como um ‘GPS interno’. Esse sistema também precisa de ajustes e calibração, como o restante do nosso corpo”, explica o psicólogo.

Entre os principais mitos que ainda precisam ser superados, Borginho destaca a visão de que buscar ajuda psicológica ou psiquiátrica é algo reservado apenas para “loucos”. Ele afirma que a assistência especializada é para qualquer pessoa que enfrente algum grau de sofrimento mental. Outro equívoco, segundo ele, é associar o sofrimento emocional à fraqueza de caráter. “Desequilíbrios emocionais, cognitivos ou comportamentais indicam que algo precisa ser reorganizado, tanto internamente quanto no ambiente ao redor”, diz.

No Brasil, ainda existe muito preconceito em relação ao cuidado com a saúde mental, o que faz campanhas como o janeiro Branco terem grande importância para promover conversas abertas sobre o tema.

“Quando conseguimos equilibrar trabalho, lazer e nossas relações, sentimos uma tranquilidade que nos permite colocar nossos planos de vida em ação”, conclui o psicólogo. Campanhas como o Janeiro Branco são essenciais para reforçar que o cuidado com a saúde mental é um pilar fundamental para a qualidade de vida de todos.

O Brasil enfrenta um grande desafio no acesso a tratamentos. Apenas 3% do orçamento público de saúde é destinado à saúde mental.

A pandemia da COVID-19 realmente intensificou os desafios relacionados à saúde mental, trazendo à tona problemas como depressão e ansiedade em níveis alarmantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia identificado essas condições como crises globais antes da pandemia, mas o isolamento social, a incerteza econômica, as perdas humanas e o medo do vírus agravaram a situação.

A importância da atenção aos sinais apresentados 

De acordo com o psiquiatra Flávio Augusto de Morais,enfatiza que identificar os primeiros sinais de problemas emocionais é crucial. Assim como em qualquer problema de saúde, o diagnóstico precoce melhora significativamente a eficácia do tratamento. “Quando tratadas cedo, as condições emocionais costumam demandar tratamentos mais curtos, menos custosos e com melhores resultados. Por outro lado, a cronicidade dificulta o tratamento, compromete os resultados e pode gerar custos elevados, tanto no sistema público quanto no atendimento particular”, explica.

Ele também destaca que pais e professores têm um papel fundamental na observação de mudanças de comportamento em crianças e adolescentes. “Se uma criança sociável começa a se isolar ou se um adolescente tranquilo passa a se irritar facilmente, esses são sinais de alerta. É importante buscar ajuda profissional, como de um psiquiatra ou psicólogo, o quanto antes”, ressalta.

O psiquiatra chama a atenção para alterações no padrão de comportamento em adultos e idosos. “Pessoas que começam a se isolar, apresentar irritabilidade, abusar de bebidas alcoólicas ou faltar ao trabalho sem explicações claras precisam ser avaliadas com atenção”, afirma.

No caso de idosos, a observação pode ser ainda mais desafiadora, dado o isolamento social que muitos enfrentam. “Se o idoso apresenta queixas físicas constantes, sem uma causa orgânica identificável, isso pode ser um indicativo de questões emocionais subjacentes”, alerta.

A campanha Janeiro Branco, assim como o Setembro Amarelo, é fundamental para reduzir o estigma em torno da saúde mental. “Embora o estigma tenha diminuído ao longo das últimas décadas, ainda existe um longo caminho pela frente. Hoje, as redes sociais ajudam a amplificar as mensagens de conscientização, mas é importante que os conteúdos sejam baseados em evidências e disseminados por pessoas capacitadas, como profissionais da saúde ou comunicadores bem-informados”, comenta o psiquiatra.

Flávio conclui reforçando que iniciativas como o Janeiro Branco são ferramentas essenciais para promover o bem-estar emocional e reduzir preconceitos relacionados à saúde mental. “A conscientização é o primeiro passo para que as pessoas cuidem de sua mente e, consequentemente, vivam com mais qualidade.”

Dicas para melhorar a Saúde Mental 

  • Atividade física: A prática regular melhora o humor, reduz quadros de ansiedade e promove a socialização. O ideal é realizar ao menos 150 minutos por semana.
  • Sono de qualidade: Evitar o uso de telas duas horas antes de dormir é essencial. “O uso excessivo de celulares, computadores e televisores impacta negativamente o sono, especialmente em crianças e adolescentes”, alerta.
  • Moderação no consumo de álcool: O uso abusivo de bebidas alcoólicas, muitas vezes normalizado culturalmente, deve ser evitado. “O ideal é limitar o consumo a pequenas quantidades, de acordo com as recomendações médicas.”
  • Práticas de meditação: Aplicativos de meditação podem ajudar a reduzir a ansiedade e melhorar o foco. “Práticas como essas, mesmo que por 10 minutos diários, trazem benefícios comprovados para a saúde mental”, sugere.
  • Espiritualidade e religiosidade: Para aqueles que têm crenças religiosas ou práticas espirituais, estas podem oferecer conforto e melhorar a saúde mental.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.