8 de janeiro: baixa adesão e ausência de líderes marcam evento

Os nefastos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro de 2023 completaram dois anos na última quarta-feira, 8. Na data simbólica e pelo segundo ano consecutivo o governo federal preparou uma cerimônia em prol da valorização da democracia. Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na figura central do importante evento, o “Democracia Fortalecida” – assim denominado – não reverberou o impacto esperado pelo Planalto. 

A cerimônia marcou momentos importantes, como a assinatura do decreto que institui o Prêmio Eunice de Paiva de Defesa da Democracia, iniciativa da Advocacia-Geral da União (AGU). O prêmio, que homenageia a advogada símbolo da luta contra a ditadura militar, concederá a distinção a pessoas que colaboraram de maneira notável à preservação, restauração ou consolidação da democracia no país. Eunice foi casada com o deputado Rubens Paiva, morto pela ditadura em 1971, e ganhou destaque recente pela retratação de sua vida no filme “Ainda Estou Aqui”. 

Além disso, o evento contou com a participação de 31 ministros do governo – os quais a presença foi uma exigência de Lula. Além disso, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes e Edson Fachin, participaram da cerimônia. A primeira-dama Janja também marcou presença.

O que chamou a atenção foi a ausência da cúpula dos demais líderes dos Três Poderes. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL); o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, não compareceram à cerimônia. 

Pacheco e Barroso justificaram suas ausências (ambos de férias no exterior) e enviaram representantes, o vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) e o vice-presidente do Supremo, o ministro Edson Fachin. Lira, porém, não justificou e nem enviou um representante para a cerimônia. 

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Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), prováveis sucessores de Lira e Pacheco na presidência da Câmara e do Senado, também foram convidados a comparecerem ao evento. Ambos não apareceram. Vale ressaltar que, o imbróglio envolvendo o pagamento das emendas de comissão não agradou os parlamentares e colocou os Poderes em rota de colisão novamente. 

Além da ausência de líderes políticos, o evento esvaziado não agradou o Planalto, que almejava um impacto maior na festividade democrática. Em sua fala, Lula não mostrou preocupação com o fato e argumentou contra a narrativa que o evento teria sido um fracasso.

“Eu vi a preocupação de alguns meios de comunicação. Se ia ter muita gente, se ia ter pouca gente, se era fracassado ou não. Eu queria que as pessoas soubessem o seguinte: um ato em defesa da democracia brasileira, mesmo que tenha um só cara, uma só pessoa, numa praça pública, num palanque, falando em democracia já é o suficiente para a gente acreditar que a democracia vai reinar nesse País. As coisas que acontecem no mundo sempre começam com pouca gente”, analisou o chefe do Executivo. 

Lula é reconhecido internacionalmente pela sua postura diplomática. Era esperado que o evento que vangloria a democracia representasse, além de sua importância institucional, um momento de exposição política favorável ao petista. O impacto popular tímido, sobretudo com a ausência de demais líderes, não agradou a cúpula do Palácio do Planalto. (Especial para O Hoje)

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