Perícia confirma envenenamento de sogro por arsênio antes de morte em caso de bolo envenenado em Torres

Paulo Luiz dos Anjos, sogro da suspeita Deise Moura dos Anjos, presa por envenenar o bolo que resultou na morte de três pessoas em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, foi confirmado como vítima de envenenamento por arsênio antes de sua morte, ocorrida em setembro de 2024. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (10) pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) e publicada em uma reportagem do jornal Zero Hora.

Paulo morreu aos 72 anos, vítima de infecção intestinal, após consumir alimentos como bananas e leite em pó, que haviam sido levados à sua casa pela nora. A Polícia Civil solicitou a exumação do corpo dele, realizada na última quarta-feira (8), por suspeitar que sua morte estivesse relacionada ao caso do bolo de Natal. A análise pericial confirmou a presença de níveis tóxicos e letais de arsênio, indicando que a substância foi ingerida de forma oral.

O caso do bolo de Natal

O crime veio à tona após o envenenamento de um bolo, feito pela sogra de Deise, Zeli dos Anjos, que foi consumido durante uma confraternização familiar no dia 23 de dezembro de 2024, em Torres. Sete pessoas estavam presentes no encontro, e seis consumiram o bolo. Três mulheres – Tatiana Denize Silva dos Anjos, Maida Berenice Flores da Silva e Neuza Denize Silva dos Anjos – morreram após apresentarem sintomas graves de intoxicação, incluindo parada cardiorrespiratória e choque pós-intoxicação alimentar.

Zeli dos Anjos, que também consumiu o bolo, teve a maior concentração de arsênio no sangue entre os sobreviventes. Ela chegou a ser internada em estado grave na UTI, mas recebeu alta hospitalar nesta sexta-feira (10). Uma criança de 10 anos que ingeriu o bolo também foi hospitalizada e recebeu alta no mesmo dia.

A Polícia Civil identificou que a farinha utilizada na preparação do bolo foi contaminada com arsênio. Segundo o delegado Cléber dos Santos Lima, chefe do Departamento de Polícia do Interior (DPI), Deise comprou e utilizou o veneno deliberadamente.

Envenenamentos em série e novas evidências

Deise Moura dos Anjos é investigada por triplo homicídio qualificado e tentativa de homicídio contra outras três pessoas no caso do bolo. Além disso, a Polícia Civil considera que Paulo Luiz dos Anjos pode ter sido mais uma vítima de uma série de envenenamentos praticados por ela.

A investigação revelou que Deise adquiriu arsênio em pelo menos quatro ocasiões nos últimos quatro meses. Uma dessas compras ocorreu antes da morte de Paulo, e as demais, antes do envenenamento do bolo. O veneno foi adquirido pela internet e entregue via Correios.

Análises realizadas nos celulares apreendidos de Deise mostraram cerca de 100 buscas relacionadas ao uso de arsênio como veneno, com termos como “arsênio veneno”, “veneno para o coração” e “veneno que mata humano”. As pesquisas foram realizadas entre agosto e dezembro de 2024, algumas durante visitas à casa da sogra.

Além disso, a perícia encontrou resíduos de passas de frutas cristalizadas no estômago das vítimas, confirmando que a fonte de contaminação foi o bolo. A farinha usada na receita apresentou uma concentração de arsênio 2.700 vezes maior do que o nível máximo permitido.

Relação familiar conturbada e motivação

O relacionamento entre Deise e a sogra, Zeli, era difícil desde o início, há cerca de 20 anos. No entanto, a motivação exata para os crimes ainda não foi esclarecida pela polícia. O delegado responsável pelo caso informou que não há indícios de envolvimento do marido de Deise, filho de Zeli, no crime.

Os investigadores continuam analisando dados de celulares apreendidos de outros membros da família e coletando novos depoimentos para esclarecer o caso.

Defesa de Deise Moura dos Anjos

A defesa de Deise afirma que as acusações contra ela ainda estão em fase de investigação e que aguardam acesso integral ao inquérito para se manifestarem. Em nota, o advogado Cassyus Pontes ressaltou que as prisões temporárias possuem caráter investigativo e que “restam diversos questionamentos e respostas em aberto neste caso”.

Conclusão preliminar

Segundo Marguet Mittmann, diretora do IGP, as evidências periciais são robustas e inquestionáveis. “É inquestionável que o arsênio estava no bolo, e é inquestionável que a fonte na receita do bolo é a farinha”, afirmou.

A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que Deise Moura dos Anjos tenha praticado homicídios e tentativas de homicídio em série, ocultando suas ações por um longo período. O caso segue em investigação.

Fonte|G1

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