Polícia de Piauí libera mulher após erro em acusação de envenenamento

A Justiça do Piauí decidiu liberar, na segunda-feira (13), Lucélia Maria da Conceição Silva, de 53 anos, que estava presa desde agosto de 2024, acusada injustamente de envenenar duas crianças em Parnaíba, no litoral do estado. A reviravolta no caso aconteceu após a divulgação de um novo laudo, cinco meses depois das mortes, que mudou o rumo das investigações.

Na época, a polícia encontrou veneno de rato na residência de Lucélia, substância que também foi detectada no corpo das crianças, de 7 e 8 anos. No entanto, o novo exame da Polícia Científica, que foi liberado recentemente, revelou que não havia nenhum tipo de veneno nos cajus consumidos pelas vítimas, como inicialmente se acreditava. Essa informação foi determinante para que o Ministério Público solicitasse a revogação da prisão de Lucélia e a reabertura das investigações.

Lucélia sempre manteve sua inocência e se disse aliviada com a decisão judicial. “Eu sempre fui inocente. Só meu advogado e minha família acreditaram em mim desde o início. Agora, sinto um grande alívio”, declarou ela.

A polícia inicialmente concluiu que Lucélia teria matado as crianças após elas invadirem seu quintal para pegar cajus. Porém, com a revelação do novo laudo, o promotor de Justiça Silas Sereno Lopes destacou que a descoberta de um fato novo exigia uma reavaliação completa do caso. “Há um fato novo e, havendo fato novo, é preciso que se analise toda essa circunstância”, explicou o promotor.

Além disso, a polícia investiga a morte de outros cinco membros da mesma família, que sofreram envenenamento coletivo no Ano Novo. Eles consumiram arroz com a mesma substância que causou a morte das crianças. A mãe das vítimas, Maria Francisca, um irmão e outros dois filhos faleceram, enquanto uma criança de 4 anos segue em estado grave. A principal suspeita recai sobre Francisco de Assis Pereira da Costa, padrasto da mãe das crianças, que já teria manifestado em depoimento à polícia que não gostava dos enteados. A polícia acredita que Francisco também possa estar envolvido nas mortes dos dois meninos.

O delegado-geral da Polícia Civil do Piauí, Luccy Keijo, reconheceu que pode ter ocorrido um erro na investigação que levou Lucélia à prisão, enfatizando que casos de reconhecimento indevido não são incomuns. “Quantos casos já ocorreram em que a vítima reconhece uma pessoa que não é realmente o autor? Isso leva a erros e, por isso, os órgãos policiais devem sempre buscar melhorar”, afirmou o delegado.

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