Por Que Tantos Querem a Morte do Bitcoin?

Desde o seu surgimento em 2009, o Bitcoin tem sido alvo de uma desconfiança persistente e fervorosa. Ao longo de sua história, ele enfrentou previsões apocalípticas de que não sobreviveria sequer um ano, acompanhou ciclos intensos de entusiasmo seguidos por quedas vertiginosas de preço e, ainda assim, permanece, mais de uma década depois.

Governantes, banqueiros e grandes veículos de comunicação frequentemente retratam o Bitcoin como uma ameaça, um delírio passageiro ou mesmo como um experimento condenado ao fracasso. Essa resistência não é uma coincidência. A meu ver, existem alguns fatores que ajudam a entender esse clima de ceticismo contínuo.


Ameaça ao monopólio estatal

Um dos pilares do poder estatal é a capacidade de controlar a emissão de moeda. Governos e bancos centrais costumam exercer esse domínio para regular a economia conforme seus interesses ou demandas políticas — muitas vezes manipulando taxas de juros, injetando dinheiro no mercado ou adotando outras medidas que afetam diretamente o bolso do indivíduo. O Bitcoin, por outro lado, propõe um sistema totalmente descentralizado, livre de intermediários e com oferta limitada. Isso representa um golpe direto na ideia de que apenas o Estado pode emitir e controlar a moeda. Não chega a ser surpresa, portanto, que muitos governantes enxerguem no Bitcoin uma pedra no sapato, preferindo rotulá-lo como instável ou perigoso a encarar a perda de monopólio que a criptomoeda impõe.

Lobby financeiro contra a descentralização

Outra razão que explica a postura negativa da grande imprensa e do setor financeiro tradicional são os interesses econômicos em jogo. Bancos, grandes fundos de investimento e corporações de pagamento têm muito a perder se a população passar a usar com mais frequência um ativo que dispensa intermediários. Não é raro ver portais de notícias ligados a grupos financeiros publicando análises catastróficas, apostando na queda do Bitcoin e minimizando sua utilidade. Em boa parte dos casos, trata-se de uma defesa do status quo: é mais cômodo e lucrativo manter as pessoas utilizando serviços bancários tradicionais e pagando taxas cada vez mais altas.

O mito da criminalidade

A bandeira do “risco de criminalidade” também é levantada com frequência para desqualificar o Bitcoin. Argumenta-se que ele facilitaria lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e outras atividades ilegais. Embora seja fato que qualquer sistema financeiro possa ser usado de maneira ilícita (dinheiro em espécie, por exemplo, continua sendo o meio preferido de muitos criminosos), a falta de uma regulação padronizada para criptomoedas mundo afora gera insegurança. Isso é facilmente explorado por políticos e órgãos reguladores que preferem enfatizar o uso indevido a reconhecer as vantagens de uma rede global e transparente, que, em muitos casos, permite rastrear transações com uma clareza maior do que as pessoas imaginam.

Obsessão pela volatilidade

Basta o preço do Bitcoin oscilar um pouco para surgirem manchetes alucinadas sobre sua “morte iminente”. Essa volatilidade sempre atrai holofotes, pois provoca reações emocionais nos investidores e gera um fascínio em torno dos ganhos ou perdas em curto prazo. Porém, quando se analisa o histórico, percebe-se que o Bitcoin segue firme há mais de dez anos, superando consecutivos ciclos de alta e baixa. A imprensa, no entanto, costuma acender o sinal de alerta principalmente nas quedas, reforçando o discurso de que é um ativo instável e inadequado para investidores comuns. Essa ênfase constante nos momentos de pânico alimenta ainda mais o ceticismo, o que fomenta a sensação de que o Bitcoin está sempre por um fio.

Bitcoin expõe a fragilidade das políticas fiscais tradicionais

Quando a economia de um país patina, é comum que os governantes lancem mão de medidas como imprimir dinheiro ou aumentar impostos para tentar reequilibrar o orçamento. Só que o Bitcoin, sendo limitado e impossível de ser emitido à vontade, não se encaixa nessa lógica. Ele não pode ser “inflado” para custear projetos do governo nem serve como ferramenta para tributar indiretamente os cidadãos por meio da inflação. Naturalmente, isso incomoda autoridades que gostam de ter vários recursos à mão para mexer na economia. É como se o Bitcoin quebrasse algumas engrenagens do sistema que sempre funcionou do mesmo jeito.

Narrativas alarmistas

É curioso reparar como, ano após ano, são publicadas previsões de que o Bitcoin “não chegará ao fim de 20XX”. Esses obituários recorrentes servem mais como manchete chamativa do que como análise profunda da tecnologia. É evidente que as criptomoedas passam por turbulências, mas, até hoje, nenhuma dessas profecias de extinção se concretizou. Pelo contrário: a cada suposta “morte”, o Bitcoin ressuscita e atrai ainda mais adeptos. Esse ciclo vicioso de previsões de catástrofe, seguido de resiliência prática, acaba minando a credibilidade de quem torce contra — mas, de todo modo, mantém viva a narrativa negativa para quem só passa o olho nas notícias.

Os benefícios que ninguém menciona

Talvez o ponto mais injusto e problemático em toda essa discussão seja a pouca atenção dada aos benefícios concretos que o Bitcoin proporciona. Em regiões afetadas por hiperinflação ou limitações bancárias, ele funciona como uma rota de escape, permitindo que as pessoas mantenham valor sem correr o risco de ver seu dinheiro desvalorizado em questão de semanas. Esses fatores, porém, raramente ganham destaque na grande imprensa, que prefere alimentar o receio e a polêmica sobre as incertezas do Bitcoin.


O veredito sobre o Bitcoin

Todo esse ceticismo contra o Bitcoin é alimentado por um emaranhado de interesses políticos, econômicos e midiáticos. Governos se sentem ameaçados em seu monopólio da moeda; bancos enxergam a possibilidade de perder lucro e relevância; e a imprensa, muitas vezes, apenas repete opiniões sensacionalistas. Em meio a esse mar de previsões desastrosas e análises superficiais, pouco se fala que o Bitcoin já provou sua utilidade e resiliência ao longo do tempo. É perfeitamente razoável que se haja ceticismo sobre uma tecnologia tão disruptiva, mas está longe de ser a piada ou o fracasso que muitos “especialistas” previram no passado.

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