Desempenho de Lula 3 revela dificuldades na comunicação com Congresso

Em 2025, Lula (PT) entra para o terceiro ano do terceiro mandato com um dos piores desempenhos presidenciais se comparado com os outros mandatários do executivo, e que pode caminhar para uma crise política pouco antes de entrar nas eleições de 2026. Apesar disso, o governante alavancou nestas últimas semanas áreas previamente enfraquecidas da presidência, como a comunicação oficial e o alinhamento partidários com siglas da base. 

Um destes índices apurados pelo Jornal O HOJE que revela a falha no desempenho é a aprovação das Medidas Provisórias (MP) enviadas a Casa, dos 133 projetos enviados entre 2023 e 2024, apenas 20 foram aceitas e outras 76 foram caducadas. Em termos jurídicos, a caducidade refere-se à redundância de uma MP diante de outras medidas ou leis que foram aprovadas no passado ou a perda de prazo de uma pauta. Outro dado que também esclarece essa performance são os vetos derrubados com 32 rejeições derrubadas.

Para se ter uma noção, o último governante brasileiro que registrou este aumento na resistência nos dois primeiros anos da gestão foi o governo de Jair Bolsonaro (PL). Segundo dados, Bolsonaro enviou 156 MPs à Casa, dos quais 58 foram aprovadas e 65 foram caducadas.  Por outro lado, o ex-presidente também enfrentou uma resistência com 31 vetos derrubados.

Para a cientista política Rejaine Pessoa, essa resistência também é um sintoma das dificuldades e falhas de comunicação que também englobam o próprio Congresso Nacional e com a base dos eleitores do governo. “A gente observa que o cenário atual [governo] difere da maior parte dos governos anteriores, que também enfrentaram momentos turbulentos com o Congresso, mas dentro da média eles conseguiram manter uma relação hegemônica e o atual governo está tendo essa dificuldade”. 

Junto a esses dados, a instituição de pesquisa Genial/Quaest levantou dados sobre a aprovação e rejeição do terceiro ano de Lula em janeiro de 2025. Segundo o documento, quase metade da população reprova o governo petista com 49%, enquanto isso, apenas 47% da população aprova a gestão do mandatário. Enquanto isso, a desaprovação do Governo Lula, que engloba as diferentes pastas e autarquias, disparou de 31% em dezembro de 2024 para 37% em janeiro de 2025.

A pesquisa também mostra que as próprias bases dos eleitores do governo são afetadas pela negatividade, como os jovens, as mulheres e pessoas que moram na Região Norte e Nordeste. “[Esse gargalo] coloca em cheque todo o programa [do petista], a sua estratégia de comunicação e de projeção para 2026. Isso significa que ele está com dificuldade de se comunicar para os seus próprios apoiadores, para os seus eleitores”. 

Temas como a economia e a regulamentação do pix foram apontados como principais fatores que reduziram os percentuais. Sobre isso, o professor de economia da Universidade Estadual de Goiás (UEG) Marcelo Moreira fala como essa visão negativa da economia pela população também é fundamentada nas dificuldades de comunicação com a população. 

Sobre isso, o professor denota que as conquistas e notícias positivas da economia não chegam a população da forma que o petista pretende. “O Brasil está vivendo um crescimento econômico que nos últimos períodos é inédito. Temos [dados] recentes do pós-pandemia e em especial o baixo desemprego e a inflação controlada, mas a população não está sentindo isso porque ela está vendo o preço da carne aumentando.”

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