Demanda por mão de obra segue aquecida na construção civil

A construção civil em Goiás, assim como no restante do país, continua a ser um dos motores da economia. O setor apresenta um ritmo de crescimento constante, com a geração de empregos e a movimentação de investimentos significativos. No entanto, um dos principais gargalos para manter o aquecimento do setor está no aumento da demanda por mão de obra qualificada. Este desafio reflete-se diretamente nos custos de produção, que têm subido consistentemente, e nas dificuldades enfrentadas por empresas e trabalhadores.

Em 2024, o Brasil registrou um aumento significativo nos custos ligados à mão de obra no setor da construção civil. De acordo com o balanço do Sinduscon, a alta de custos foi de 6,54% no ano passado, com destaque para a mão de obra, que subiu 8,56%. Em Goiás, as construtoras enfrentam um cenário semelhante, com custos de produção mais elevados, especialmente em um contexto de preços elevados de materiais e equipamentos.

O custo de mão de obra, principalmente para funções como pedreiro, carpinteiro e servente, tem se tornado uma variável difícil de equilibrar, com a escassez de profissionais qualificados refletindo-se no aumento da competitividade para garantir trabalhadores. Além disso, o Custo Unitário Básico (CUB) da construção paulista, que serve como indicador para o mercado da construção em todo o Brasil, fechou 2024 em R$ 2.039,53 por metro quadrado. As previsões para 2025 apontam para novos aumentos, já que as pressões inflacionárias continuam a influenciar o setor.

A escassez de mão de obra qualificada é uma das principais causas do aumento de custos no setor. Em Goiás, como em muitos estados, a média de idade dos trabalhadores na construção civil é de 42 anos, o que indica um envelhecimento crônico da força de trabalho. Essa realidade prejudica a produtividade e agrava ainda mais a dificuldade das construtoras em atender à alta demanda de obras.

David Fratel, coordenador do grupo de Recursos Humanos, explica que o envelhecimento da força de trabalho tem gerado desafios adicionais: “Quando a produtividade começa a cair devido à idade dos trabalhadores, é difícil manter o ritmo acelerado das obras, especialmente quando há uma demanda elevada por novos empreendimentos. O problema é ainda mais crítico em Goiás, onde a oferta de mão de obra jovem no setor está muito abaixo das necessidades do mercado.”

A atração de jovens para o setor

O mercado da construção civil tem enfrentado dificuldades para atrair jovens profissionais, que preferem optar por outras áreas de atuação. Mesmo com salários que podem ultrapassar os R$ 10 mil para funções como pedreiro e carpinteiro, a falta de incentivo para a formação técnica tem sido um fator crucial para a diminuição do número de novos ingressantes no setor.

João Carlos da Silva, de 24 anos, é um exemplo de jovem que se inseriu recentemente na construção civil, motivado pela oferta de trabalho e pelos salários atrativos. “Eu não tinha muita certeza de que a construção seria o que eu procurava, mas as oportunidades e os salários chamaram minha atenção. Eu entrei como ajudante e, com o tempo, fui aprendendo. Hoje, já consigo me considerar um pedreiro. Claro, estou em busca de mais formação técnica, para poder crescer na profissão.”

No entanto, a falta de uma formação técnica estruturada é um problema que preocupa os profissionais do setor. Para o sindicato dos trabalhadores, a informalidade e a baixa qualificação prejudicam tanto os profissionais quanto o setor como um todo. Segundo o sindicato, muitos trabalhadores recebem pagamentos não formalizados no contracheque, o que impede o correto recolhimento de FGTS e INSS, configurando uma prática ilegal que dificulta o controle e o cumprimento dos direitos trabalhistas.

Diante desse cenário, o setor tem buscado alternativas para melhorar a qualificação da mão de obra e atrair novos profissionais. “Estamos buscando formas de inovar para atrair os jovens para o setor. O mercado de construção está se adaptando, oferecendo cursos, programas de aprendizado e até planos de carreira padronizados, para garantir que os trabalhadores tenham estabilidade e possam crescer nas suas funções”, afirma Fratel. 

Essa mudança é vista como essencial para equilibrar a oferta e demanda no mercado da construção civil e melhorar a qualificação dos profissionais. Além disso, muitas construtoras no estado têm investido em programas de formação dentro das próprias empresas, oferecendo treinamentos internos para que os profissionais adquiram as habilidades necessárias para os diferentes cargos no setor.

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