J. Borges: o mestre da xilogravura e do cordel brasileiro

José Francisco Borges, conhecido como J. Borges, deixou um legado inestimável na arte popular brasileira ao combinar xilogravura e cordel. Nascido em Bezerros, Pernambuco, em 1935, sua trajetória é marcada por desafios e conquistas que refletem a rica cultura nordestina. Com apenas dez meses de escolaridade, ele se tornou um dos mais renomados artistas do Brasil, encantando o mundo com suas obras que retratam a vida sertaneja.

A infância de J. Borges foi repleta de influências culturais que moldaram seu amor pela literatura e pela arte. Desde pequeno, ele ouvia seu pai declamar histórias em forma de rima, o que despertou seu interesse pelo cordel. Autodidata, começou a escrever e ilustrar seus próprios folhetos na década de 1960, criando um estilo único que capturava a essência do cotidiano nordestino. Seu primeiro cordel, “O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina”, foi um sucesso instantâneo e abriu portas para sua carreira artística.

A xilogravura se tornou uma extensão natural de sua escrita. o artista utilizava a técnica para ilustrar suas histórias, transformando madeira em arte e dando vida a lendas, festivais e personagens emblemáticos do Nordeste. Suas gravuras são reconhecidas pela riqueza de detalhes e pela profundidade emocional que transmitem, tornando-o um ícone não apenas regional, mas também internacional.

A amizade com o escritor Ariano Suassuna foi fundamental para a divulgação de seu trabalho. Suassuna elogiava J. Borges como o “melhor do Nordeste”, ajudando a projetar sua obra para além das fronteiras pernambucanas. Com exposições em museus ao redor do mundo e colaborações com grandes nomes da literatura, como Eduardo Galeano e José Saramago, J. Borges consolidou sua posição como um dos mestres da xilogravura no Brasil.

O impacto do mestre se estende à formação de novas gerações de artistas. Ele transmitiu seu conhecimento aos filhos e ministrou oficinas em diversos países, promovendo a arte popular nordestina. Seu ateliê em Bezerros se transformou em um espaço de aprendizado e preservação de tradição.

Recentemente reconhecido como patrimônio cultural brasileiro pelo IPHAN, o cordel continua vivo através das obras de J. Borges e da nova linha de produtos desenvolvidos pelo Sesc.

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