[OPINIÃO]: tecnologia “fura a bolha” no mercado rodoviário nacional

Um dos destaques em 2024 – e que deve ganhar força em 2025 – é o debate sobre inovação e a participação de turistechs e traveltechs em grandes eventos do setor, além de programas de desenvolvimento de novos negócios.


[04.02.2025]

Por José Almeida, CEO do BuscaOnibus

O mercado rodoviário brasileiro atravessa uma fase de transição, impulsionada por uma confluência de fatores que incluem a consolidação de novos players nacionais e internacionais, diversificação da oferta de serviços e a crescente digitalização dos consumidores. Em um contexto de alta nas tarifas aéreas, o transporte rodoviário ganha protagonismo como uma alternativa competitiva e atraente, tanto para viagens de negócios quanto de lazer – como mostrou pesquisa recente do Google que apontou que 74% dos brasileiros preferem viajar de ônibus, seguido por carro (44%) e avião (32%).

Embora a digitalização tenha transformado o mercado de passagens rodoviárias, sinais de saturação começam a aparecer no ambiente online, pois percebemos um platô na curva de avanço do digital – o que é um sinal também de maior maturidade do mercado. Programas de retenção, estratégias de cashback e iniciativas de fidelização estão se tornando diferenciais críticos. Além disso, para segmentos ainda subexplorados – como os ônibus de hora em hora e serviços em regiões metropolitanas – há um enorme potencial de expansão, desde que as empresas invistam em soluções digitais que atendam às necessidades desses públicos específicos. 

Entre os destaques de 2024 no mercado rodoviário – tendência que promete se consolidar em 2025 – está a realização de eventos e programas focados em tecnologia para o setor de transporte e turismo. A feira Lat.Bus, realizada bienalmente, firmou-se como um ponto de convergência entre as tradicionais montadoras, fabricantes de componentes e empresas de tecnologia e serviços digitais, refletindo as transformações do setor. Vimos um ambiente onde o físico e o digital se encontraram para criar novas soluções, seja via plataformas de gestão de frotas, sistemas de pagamento integrados ou soluções MaaS (mobilidade como serviço).

A crescente presença de empresas estrangeiras no Brasil tem redesenhado o panorama competitivo do setor rodoviário. Em 2024, a consolidação de marcas como FlixBus e BlaBlaCar além da aquisição da DeÔnibus pela israelense Travelier fortaleceram o cenário de internacionalização do mercado. Nos últimos dias, inclusive, a DeÔnibus anunciou a aquisição do BuscaOnibus, plataforma de metabusca pioneira no Brasil, com o foco de ampliar a participação no segmento e buscar novas parceiras e oportunidades de negócio.  

Há um novo cenário surgindo também nos eventos dos ecossistemas de inovação: em 2024, encontros como o Turistech Summit e o Travel Tech Hub Day, realizados no Cubo Itaú em São Paulo, reuniram startups, executivos e especialistas para explorar a crescente sinergia entre tecnologia e mobilidade. Entre os temas discutidos estavam inteligência artificial, digitalização de negócios, destinos inteligentes e as perspectivas para o futuro das viagens. Ainda no contexto tech, o EmbraturLAB, programa público de aceleração de startups, firmou-se como uma iniciativa de fomento à inovação no turismo ao focar no desenvolvimento de regiões turísticas mais acessíveis e no incentivo ao empreendedorismo local.

A inovação tecnológica não é uma tendência passageira – é um imperativo para o mercado rodoviário, que precisará incorporar soluções digitais e experiências personalizadas para atender às novas demandas dos consumidores. Estamos entrando em uma fase em que a competição não será apenas por preço ou disponibilidade, mas por quem consegue criar uma experiência de viagem verdadeiramente diferenciada e conectada às necessidades do consumidor. O mercado rodoviário brasileiro tem um enorme potencial.

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