Carlos Monteiro faz parte do TOP50 personalidades de 2025 – 14/02/2025 – Ciência


O pesquisador Carlos Monteiro, da USP (Universidade de São Paulo), foi selecionado pelo jornal norte-americano The Washington Post como uma das 50 pessoas que podem fazer a diferença em 2025. É a primeira vez que tal lista é feita.

Monteiro é conhecido por sua pesquisa em alimentação e por ser criador do conceito de produtos ultraprocessados, que são associados a problemas de saúde, como obesidade. São alimentos com processamento industrial, como modificações químicas, combinação de substâncias alimentares modificadas e não modificadas, e uso de aditivos cosméticos. Uma das formas de identificá-los é ver sua lista de ingredientes, que costumam ter substâncias nunca ou raramente usadas na cozinha das pessoas.

A ideia de “comida de verdade” que vem ganhando espaço em discussões sobre alimentação tem relação com o tema.

Segundo o jornal The Washington Post, foram consultados jornalistas do próprio jornal e inicialmente havia uma lista com mais de 200 nomes, com discussões de meses para chegar aos 50 selecionados.

“Consideramos quão conhecidos eles são, quão relevantes seus projetos futuros podem ser e o que suas ascensões revelam sobre nossa sociedade em 2025”, diz o jornal norte-americano.

O conceito de ultraprocessados ganhou o mundo, com presença em diversas diretrizes alimentares de países. Um dos motivos de Monteiro aparecer nessa lista é a possibilidade de o termo entrar nas diretrizes norte-americanas.

“Espera-se que a administração Trump emita a próxima edição das diretrizes alimentares neste ano. O indicado do presidente Donald Trump para secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., é um crítico dos alimentos ultraprocessados. Ele culpou esses alimentos pela queda na expectativa de vida do país e pelo aumento nas taxas de doenças crônicas e prometeu reprimir o consumo desses produtos”, escreve Anahad O’Connor, no perfil que publicou sobre o pesquisador da USP no jornal norte-americano.

“É importante educar os consumidores”, disse Monteiro, ao Washington Post. “Mas você não pode simplesmente recomendar que uma pessoa consuma uma pequena quantidade de um produto que é projetado e comercializado para ser consumido em excesso.”

Classificação Nova

Os ultraprocessados apontados por Monteiro fazem parte da classificação Nova, que divide os alimentos em quatro categorias. Do primeiro grupo fazem parte os alimentos in natura ou minimamente processados, como grãos, farinhas, carne, ovo e leite.

O segundo grupo é composto de ingredientes culinários processados, tais quais manteiga, azeite, sal e açúcar. Basicamente são alimentos usados para o preparo de refeições e, quando usados de forma equilibrada, fazem parte de uma alimentação saudável.

O grupo três é composto de alimentos processados, como pães artesanais e alimentos em conserva. Trata-se, de certa forma, do primeiro grupo sendo modificado por processos envolvendo o segundo. A modificação ocorre por processos relativamente simples que podem ser feitos em casa. Mais uma vez, o consumo equilibrado de tal grupo é compativel com uma dieta saudável.

Por fim, o quarto grupo é o dos alimentos e bebidas ultraprocessados, tais como refrigerantes, pães embalados, salgadinhos, bolachas, margarina etc. Segundo a classificação, “não são propriamente alimentos, mas, sim, formulações de substâncias obtidas por meio do fracionamento de alimentos do primeiro grupo”.

A Nova aponta que esses alimentos se beneficiam por uma praticidade de consumo, investimentos em marketing e hiperpalatabilidade.



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