Aliados de Lula culpam dólar e crise Pix por queda na popularidade



Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que a queda da popularidade do petista está ligada ao aumento do preço do dólar e à polêmica sobre a fiscalização do Pix. Pesquisa divulgada pelo Datafolha nesta sexta-feira (14) mostra o pior índice de aprovação do petista na história, com apenas 24% da boa avaliação dos entrevistados. O resultado é o pior registrado pelo instituto nos três mandatos de Lula.

Em apenas dois meses, de acordo com o levantamento, a aprovação de Lula caiu 11 pontos percentuais. Apesar dos índices vistos como preocupantes por analistas, os indicadores são encarados por membros do Palácio do Planalto como “retrato de um momento”. O discurso oficial é de que a desaprovação de Lula poderá ser revertida.

Ao comentar a pesquisa do Datafolha, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), culpou a “especulação desenfreada com o câmbio” e disse que é hora de “virar a página” e “cuidar dos problemas reais do povo”.

“A pesquisa Datafolha é o reflexo dos dois meses mais difíceis para este governo. Tivemos a especulação desenfreada com o câmbio, que também afetou os preços dos alimentos, o aumento do imposto estadual sobre a gasolina, as péssimas notícias sobre o aumento dos juros, o terrorismo sobre o resultado fiscal e a maior fake news de todos os tempos, sobre a taxação do pix. Agora temos que virar esta página, cuidando dos problemas reais do nosso povo, especialmente do preço dos alimentos, como determinou o presidente Lula”, diz um trecho da postagem da presidente do PT na rede social X.

Segundo o Datafolha, a pior avaliação de Lula tinha sido registrada em outubro de 2005, no auge da crise do Mensalão. Na ocasião, 28% consideravam o governo ótimo e bom. Já o pior patamar da avaliação ruim e péssima foi registrada em dezembro de 2024, com 34%. O Datafolha ouviu 2.007 eleitores em 113 cidades, nos dias 10 e 11 de fevereiro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou menos.

“Tivemos um aumento do dólar porque tivemos um Banco Central totalmente irresponsável, que deixou uma ‘arapuca’ que a gente não pode desmontar de uma hora para outra”, declarou Lula no dia 6 de fevereiro, em referência à gestão de Roberto Campos Neto, ex-presidente do BC indicado por Jair Bolsonaro (PL).

Já nesta sexta (14), sem comentar a queda acentuada em sua popularidade, Lula afirmou que pretende construir um país de classe média. “Eu quero construir um país de trabalhadores bem remunerados, de empreendedores bem sucedidos, um país de classe média. Não pensem que o ‘Lula gosta que as pessoas sejam pobres’, não gosta”, disse.

Outro ponto que preocupa o governo é que a popularidade de Lula também se deteriorou no Nordeste, que é tido como um reduto eleitoral do presidente. Na região, os entrevistados que avaliam a gestão como ótimo/bom passaram de 49% para 33%. A margem de erro neste grupo é de quatro pontos percentuais.

Para o ministro, a popularidade do presidente pode melhorar com a diminuição da inflação e a queda do dólar. “O IPCA de janeiro já foi o menor desde 2012, o dólar já tem trajetória de queda , com trabalho, sem truques ou malabarismos”, apontou Padilha.

“Tem um ataque cerrado a políticos em geral”, avaliou outra fonte à Gazeta do Povo, que ressaltou que as recentes pesquisas também indicaram que Lula se reelegeria em 2026. Os indicares mostram que, apesar da vitória, a vantagem do petista vem diminuindo em relação a outros possíveis concorrentes. A Quaest ouviu 4,5 mil pessoas entre os dias 23 e 26 de janeiro. A margem de erro é de 1 ponto percentual e grau de confiança de 95%.

Crises do governo Lula afetam popularidade

A reportagem também apurou que, até o momento, não houve diálogos do presidente com ministros para tratar os indicadores da pesquisa desta sexta (14). Apesar das tentativas de encontrar um responsável, a avaliação é de que a queda na popularidade Lula tenha sido puxada pela alta do preço dos alimentos, que tem deteriorado a percepção da população sobre esta gestão petista.

Lula começou o terceiro ano do atual mandato com a divulgação do ato normativo da Receita Federal que ampliava a fiscalização de transferências instantâneas acima de R$ 5 mil. Com a forte repercussão negativa da população, o Fisco tentou esclarecer que a medida não representava a taxação do Pix, mas sem sucesso.

O governo revogou a medida e culpou o desgaste em falhas da comunicação, além de acusar a oposição de disseminar supostas fake news sobre o tema nas redes sociais. Lula demitiu o então ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, Paulo Pimenta, e colocou seu marqueteiro, o publicitário Sidônio Palmeira no cargo. No entanto, a mudança parece não ter surtido o efeito desejado pelo Planalto.

Agora, o petista enfrenta a alta no preço dos alimentos pressionada pela inflação. Apesar da inflação alta impactar a sociedade em geral, pesa ainda mais no bolso das camadas com renda mais baixa da população e esse é um dos pontos citados por especialistas para explicar a queda na popularidade de Lula.

“Se todo mundo tiver consciência e não comprar aquilo que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, senão vai estragar. Isso é da sabedoria do ser humano. Esse é um processo educacional que nós vamos ter que fazer com o povo brasileiro”, afirmou o mandatário em entrevista às rádios Metrópole e Sociedade, da Bahia.

Assim como ocorreu na crise do Pix, a oposição se mobilizou nas redes sociais contra a “solução” apresentada pelo chefe do Executivo. As falas são vistas como descoladas da realidade da população e acabam desconstruindo aos poucos a imagem cultivada por Lula de defensor dos mais pobres.

Quanto ao dólar, a moeda norte-americana alcançou altos patamares nas últimas semanas. No final do último ano, o dólar chegou a bater R$ 6,27. A guina da moeda ocorreu em meio às incertezas do mercado financeiro quanto à responsabilidade do Governo Federal com as contas públicas. Lula já culpou a moeda e o Banco Central pelo preço dos alimentos anteriormente.

Após divulgação da pesquisa nesta sexta (14), no entanto, o dólar fechou na maior baixa dos últimos três meses. Com uma queda de 1,26%, o dólar comercial fechou dia comercializado a R$ 5,696. Foi a maior baixa desde o dia 7 de novembro de 2024.



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