Preços no Brasil vão cair após tarifas de Trump?


Os anúncios do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a aplicação de novas tarifas levantaram questionamentos sobre seus impactos na economia brasileira.

Enquanto um memorando de quinta-feira (13) estabelece a possibilidade de tarifas recíprocas – citando o etanol brasileiro como exemplo -, uma ordem assinada na segunda-feira (10) confirmou a cobrança das exportações de aço e alumínio para os EUA.

Com isso, uma das dúvidas que surge é: se as tarifas levarem a menos exportações aos norte-americanos, o acúmulo de produtos por aqui pode fazer os preços no Brasil caírem?

Especialistas apontam os impactos reais dessas medidas e dizem que é preciso analisar com cautela os próximos passos.

Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, as medidas não necessariamente trazem mudanças neste momento.

“Parte da produção ainda será exportada para lá e parte pode ser desviada para outros lugares, ou eventualmente diminuir a produção. Como o aumento deve acontecer mais para frente, haveria tempo de as empresas se ajustarem para produzir menos. Acho difícil ter algum impacto relevante de preço”, disse.

Já o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, pondera que, a princípio, apenas alumínio, aço e etanol seriam afetados, e que os impactos seriam sentidos se o Brasil tivesse uma produção em massa.

Agostini explica que a economia brasileira já passa por um momento de desaceleração devido à alta da taxa de juros.

“Basicamente, vai cair a demanda interna por esses produtos também. E com isso, naturalmente, há uma tendência do preço também desacelerar internamente. Então, não só pelo preço mais alto lá fora, mas também pela demanda menor aqui, o preço tende a cair”, afirmou.

No entanto, Agostini ressalta que o impacto final dependerá do comportamento de outros mercados que importam esses produtos do Brasil e da possível compensação com o movimento do câmbio.

O diretor de Investimentos da Nomos, Beto Saadia, afirma que há um certo ceticismo quanto aos reais impactos das medidas no Brasil.

Saadia ainda destacou que a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é muito favorável para os EUA e a balança é muito superavitária para os norte-americanos.

“A gente acredita que tem pouco impacto e esses anúncios são muito generalizados, mas quando você vai colocar uma lupa no Brasil, obviamente é difícil entender em que ponto os Estados Unidos vão se beneficiar mais do que eles já se beneficiam, então a gente vê pouco impacto nesse tarifaço, especificamente para Brasil”, afirmou.

Entenda as medidas de Trump

O memorando assinado por Trump prevê que produtos estrangeiros sejam taxados nos mesmos níveis aplicados aos produtos americanos nos países de origem.

Como exemplo, o documento cita o etanol brasileiro, dizendo que a tarifa de importação pelos EUA é baixa, enquanto o etanol americano enfrenta uma alíquota elevada no Brasil.

A medida, segundo a Casa Branca, busca equilibrar a relação comercial, mas ainda não define quais produtos serão afetados diretamente.

Separadamente, o governo dos Estados Unidos também anunciou um aumento de 25% nas tarifas sobre o aço e o alumínio importados, incluindo os do Brasil.

O decreto, segundo o governo norte-americano, tem como objetivo fortalecer a indústria siderúrgica americana e reduzir a dependência de importações.

A decisão se baseia no argumento de que o excesso de importações prejudica a produção interna e ameaça empregos no setor nos EUA.

Como um dos principais exportadores de aço para os Estados Unidos, o Brasil pode ser afetado diretamente por essa mudança, tanto em volume de vendas quanto na precificação do produto.

O cenário ainda depende da efetivação das tarifas e das reações do mercado global. A indústria nacional pode buscar alternativas para manter suas exportações e mitigar os impactos no mercado interno.

Embora haja possibilidade de queda nos preços em razão da menor demanda interna, o efeito não é garantido e dependerá do comportamento das empresas e do mercado internacional.

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