China fechou 2024 com emissões estáveis de carbono – 14/02/2025 – Ambiente


Em mais um sinal de que as emissões de dióxido de carbono atingiram o pico na China, dados do Escritório Nacional de Estatísticas mostram que nos últimos dez meses de 2024 elas se mantiveram estáveis —e abaixo do período no ano anterior— devido ao crescimento da oferta de energia limpa.

Foi o que destacou relatório publicado pelo portal CarbonBrief, “Aumento recorde de energia limpa em 2024 interrompe aumento de CO2 na China”, comemorado por analistas do setor voltados ao país asiático, como David Fishman, da consultoria de eletricidade The Lantau Group, em Xangai.

A questão agora seria confirmar se as emissões vão continuar nesse nível, em platô —segundo Fishman, o cenário mais provável—, ou se vão iniciar uma queda. A China anunciou, em 2020, que projetava atingir o pico em 2030.

No portal, Wang Can, professor da Universidade Tsinghua, de Pequim, onde dirige o departamento de planejamento e gerenciamento ambiental, concorda: “Estamos num estágio próximo de atingir o pico ou, similarmente, um período de platô”.

Por outro lado, ao longo do ano passado foram lançadas obras de construção de usinas de carvão com potencial para 94,5 gigawatts, o maior nível em uma década, segundo dados reunidos em outro relatório, publicado no site do Centro para Pesquisa sobre Energia e Ar Limpo (Crea).

Os dois estudos são encabeçados por pesquisadores do Crea, think tank independente baseado na Finlândia —o da CarbonBrief por Lauri Myllyvirta, fundador e analista-chefe do centro, e o do próprio Crea por Qi Qin, especialista em China.

Questionado pela Folha sobre sua expectativa para as emissões chinesas de dióxido de carbono em 2025, Myllyvirta falou que “vão cair, à medida que o crescimento da demanda por energia elétrica diminui e os acréscimos de energia limpa se aceleram ainda mais”.

Entre as razões para uma oferta cada vez maior de energia considerada limpa estão os “grandes projetos eólicos, solares e nucleares correndo para ficar prontos antes do fim do período do 14º plano quinquenal”.

Para além daí, “vai depender realmente das metas a serem definidas no próximo plano quinquenal e na NDC” —sigla em inglês para a Contribuição Nacionalmente Determinada, o compromisso que cada país signatário do Acordo de Paris assume, para redução das emissões de gases de efeito estufa, com atualização prevista para este ano.

Também vai depender, acrescenta, da direção geral da política econômica chinesa, inclusive quanto aos eventuais estímulos para reverter a crise imobiliária.

Sobre o segundo relatório do Crea, Myllyvirta responde que “as novas usinas de carvão são uma complicação, tornando as reduções rápidas de emissões mais difíceis e caras de serem alcançadas”.

“Mas é inteiramente possível para a China começar a mover usinas de carvão mais antigas para uma função de backup ou aposentadoria”, acrescenta, “uma vez que os formuladores de políticas estejam confiantes de que as reformas de energia limpa, armazenamento e rede progrediram o suficiente para começar a atender à demanda de eletricidade”.

No relatório, Qi Qin escreve que houve também sinais positivos no ano passado, de desaceleração nas propostas feitas e nas licenças dadas para oferecer energia a partir do carvão. No caso das propostas, elas somaram 146 gigawatts em 2022, 117 GW em 2023 e caíram para 68,9% em 2024.



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