Grupos ajudam a lidar com términos de relacionamento – 15/02/2025 – Equilíbrio


Mais de 700 usuários se dividem entre dois grupos de WhatsApp destinados apenas a recém-solteiros. Intitulados como “Recalculando a Rota” e “Fortes e Corajosas”, as comunidades unem somente aqueles que se separaram entre o fim do último ano e o começo de 2025.

Momentos de angústia, recaídas e até mesmo dicas de como lidar com a guarda compartilhada dos filhos após o término estão entre os principais tópicos discutidos nas comunidades. Os grupos acumulam membros que tinham relacionamentos de meses ou décadas, das mais variadas idades e dos mais diferentes locais do país.

Um desses grupos, o “Recalculando a Rota”, foi criado por Emily Kotviski, 24. Influencer de Joinville (SC), ela passou por um rompimento logo na virada do ano. Como já estava acostumada a fazer publicações diárias em suas redes, começou a compartilhar como se sentia diariamente após o rompimento do relacionamento de dois anos.

“A ideia de compartilhar o que estava acontecendo na internet surgiu um mês antes do término, e eu acho que me ajudou a pensar com mais clareza em relação ao que eu ia fazer quando acontecesse, mas jamais imaginei que tanta gente iria se identificar ou ter terminado no mesmo período”, diz Emily. A influencer e o ex-namorado já haviam, inclusive, rompido o relacionamento outra vez —também no fim do ano.

A micropigmentadora Aline Vargas, 24, também começou a compartilhar suas angústias por vídeos nas redes sociais. Com o sucesso de uma gravação que mostrava sua mudança para a casa dos pais, enxergou a oportunidade do perfil crescer.

Ao interagir com as pessoas que comentavam, a esteticista começou a receber feedback de seus seguidores que diziam como estavam sendo ajudados pelo conteúdo dela. “Daí saiu o ‘Fortes e Corajosas'”, nome que leva o grupo de WhatsApp destinado especialmente a mulheres.

Solteira há pouco mais de um mês, Aline terminou o relacionamento na segunda quinzena de dezembro. “Não quis esperar passar Natal nem Ano Novo para sentar e conversar. Quis resolver logo.”

Para Paula Peron, psicóloga, psicanalista e docente do curso de psicologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), as mulheres, não por uma questão biológica, mas por uma questão cultural, têm mais o hábito de falar sobre os sentimentos. Se ajuda ou não, depende do que é dito nesses grupos e de como cada uma das participantes vai reagir.

“Colocar gente para conversar é um bom princípio. Falar em vez de ficar sozinho pensando ou chorando. Então é bom ter um espaço”, diz a psicóloga.

Também na virada do ano, a advogada Aline Santos, 38, enfrentou o fim de seu casamento. O relacionamento durou cinco anos e, no dia 29 de dezembro do ano passado, durante uma viagem na Bahia, o ex-marido anunciou que queria terminar.

O passeio, que duraria até a metade de janeiro, precisou ser interrompido. No meio de todo o processo de compreensão do que estava acontecendo, Aline encontrou o grupo “Fortes e Corajosas”.

A advogada, que não conseguiu ainda contar com tantos detalhes a história para amigas mais próximas e familiares, viu no grupo um escape para desabafar. “Fiz amizade com quatro meninas que me deram muito apoio, chegamos a conversar por vídeo. Eu não abri essa história para todo mundo do meu círculo”, diz.

“Estou num momento de muita escuridão, então o grupo me ajudou muito. Até porque, pela minha faixa etária e profissão, as pessoas mais próximas esperam outra atitude minha, esperam que eu supere rápido”, afirma.

A psicóloga explica que são comuns términos em períodos como fim e início de ano. “Como somos seres culturais, de linguagem, os marcadores culturais e simbólicos importam muito para nós. São comuns atitudes de busca pelo novo, pelo recomeço”, afirma Peron.

Expectativa com o fim de ano, férias e viagens também podem impactar em decisões que culminam em términos, segundo a mestre em psicologia e estudiosa de aplicativos de namoro, Lígia Baruch.

“Esse momento pode levar a dois movimentos: o de sobrecarga, por exemplo, de não querer levar o parceiro para a casa de parentes, ou a vontade de viajar e aproveitar o verão com o grupo de amigas”, afirma.

Para ela, os términos também podem estar relacionados com períodos como o Carnaval. “É um combo. Do fim do ano com esses primeiros meses até o Carnaval. Aí no meio do ano acontece um outro movimento por conta do Dia dos Namorados”, completa Lígia.

Segundo Peron, principalmente para casais que já passam por alguma crise, o momento pode ser favorável para o empurrãozinho do rompimento, mas também para encontrar novos pares.

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