China abre licitação para novo satélite lunar – 16/02/2025 – Mensageiro Sideral


A China abriu na sexta-feira (14) um processo de licitação para um satélite lunar, dando pistas de como será seu plano para colocar astronautas na superfície da Lua antes de 2030, além de sinalizar uma abertura do programa espacial para a iniciativa privada.

O anúncio foi feito pelo Escritório de Engenharia Espacial Tripulada da China em seu site, convidando empresas e instituições chinesas a participar do processo para o projeto de um “satélite de sensoriamento remoto lunar”, que buscaria “obter dados topográficos e geomórficos de alta precisão das regiões lunares de baixa latitude, mapear distribuições de recursos minerais chave e identificar minerais característicos”. E o mais interessante: “O satélite irá apoiar o primeiro pouso lunar tripulado da China e missões subsequentes.”

A menção às baixas latitudes indica que a primeira alunissagem com astronautas do programa chinês pode acontecer em regiões próximas ao equador, já que as observações do satélite podem ajudar no processo de seleção do local de pouso. Essa estratégia seria similar ao que a Nasa adotou no século passado com as missões Apollo, que procuraram todas não se instalar na superfície muito longe das regiões equatoriais.

Isso, por sua vez, faz contraste com o programa Artemis, atualmente conduzido pelos EUA, que prevê um pouso na região polar sul lunar. Não é segredo que ambos os países pretendem se estabelecer de forma mais perene na região polar, onde gelo de água pode estar disponível em crateras escuras, mas pelo visto os chineses vão comer pelas beiradas, começando por uma alunissagem mais conservadora, na região equatorial.

Outro aspecto interessante da abertura da licitação é a abertura do programa chinês a parceiros comerciais. É algo que a Nasa tem feito com sucesso no transporte de tripulações e carga à Estação Espacial Internacional, e mais recentemente no envio de experimentos à Lua com parceiros da iniciativa privada, mas é um processo relativamente novo para a China.

A primeira participação privada em uma missão chinesa deve se dar com a sonda robótica lunar Chang’e-8, que deve ser lançada em 2028 e inaugurar a Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS), projeto liderado pelos chineses em colaboração com a Rússia e outros países de menor tradição espacial. Agora, com a abertura da licitação para o novo satélite lunar, é possível que o projeto não recaia sobre a Casc (Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China), estatal que hoje domina o programa espacial chinês.

Por outro lado, ainda há limitações a essa abertura: a licitação veta ofertas conjuntas entre empresas e subcontratação, assim como exige que apenas entidades chinesas possam participar. De toda forma, o que fica claro é que os chineses caminham a passos firmes para estabelecer seu programa espacial tripulado, seguindo um planejamento que já tem mais de duas décadas, e agora se mostram dispostos a agregar o poder da cooperação com a iniciativa privada para incrementá-lo.

Enquanto isso, naquele entorno do Golfo da América, discute-se um potencial cancelamento do superfoguete SLS e da cápsula Orion, o que poderia colocar em risco a chance de os americanos serem os primeiros na Lua no século 21. Por ora, a missão Artemis 2, com SLS e Orion, segue marcada para 2026 e destinada a levar humanos às imediações da Lua pela primeira vez desde o retorno da Apollo 17, em 1972.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras na versão impressa, em Ciência.

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