Defesa de Bolsonaro pretende demonstrar “não-participação” em suposto golpe



O advogado Celso Vilardi, que compõe a equipe de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou nesta quinta (20) que a principal estratégia a ser adotada perante o Supremo Tribunal Federal (STF) será de que ele não participou da suposta elaboração de um plano de golpe de Estado após as eleições de 2022.

“A principal linha de defesa será demonstrar a não-participação do presidente Bolsonaro nos fatos que estão descritos na denúncia, pela própria inconsistência dela. Vou apresentar uma defesa que eu acho que será uma defesa consistente perante o STF”, disse em entrevista à GloboNews pontuando que pedirá também a anulação da delação.

Vilardi afirmou ainda que a denúncia apresentada pela PGR é “incoerente” também pelos supostos planos apresentados, em que um apontava para a morte de autoridades e outro para a decretação de estado de sítio ou de defesa no país. Para ele, a acusação “sequer tem um ponto de vista sobre a participação de Bolsonaro”, embora o coloque como autor de tudo.

“É um plano que estava em andamento para o dia 15 [de morte de autoridades] ou um plano para assinar um decreto de estado de sítio? Isso não está esclarecido na denúncia, mas eles são absolutamente incompatíveis entre si, uma contradição importante”, pontuou reconhecendo a gravidade dos fatos apresentados, mas sem individualizar a participação do ex-presidente.

O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro ainda disse que a defesa não foi ouvida no processo e que ele sequer teve acesso a algumas das provas, como mensagens das pessoas envolvidas na apuração. Para Vilardi, todos os trechos da delação e de outras evidências divulgados até agora foram apenas para abastecer a acusação, e nada para a defesa montar uma estratégia.

Celso Vilardi afirmou também que está estudando quais meios legais podem ser utilizados para levar o julgamento de Bolsonaro para o plenário do STF, e não apenas na Primeira Turma, como foi definido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo na Corte.

Isso porque foi definido, em 2023, que o plenário julga apenas casos envolvendo presidentes em exercício dos poderes Executivo e Legislativo. No entanto, o advogado afirma que há uma controvérsia de que o foro por prerrogativa de função do ex-presidente poderia ser estendido.

“Nós vamos discutir isso, temos que ter um julgamento justo”, pontuou citando diferentes interpretações dos ministros.

De acordo com Cid, à época, havia uma “narrativa pronta” e que os investigadores “não queriam saber a verdade”. Ele também criticou Moraes naquele áudio.

“Evidentemente que sim [pedirá a anulação da delação]. O surpreendente é que eu tenha que pedir a anulação”, completou Celso Vilardi questionando a falta de observações de juristas que um dia criticaram supostos métodos de pressão que teriam sido adotados com delatores da Operação Lava Jato.



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