Lula puxa orelha do PT nos 45 anos, critica anistia, extrema-direita e big techs



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) engrossou o coro de críticas aos governos anteriores aos seus, sem citar nominalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e às big techs (as grandes plataformas de redes sociais), durante o ato político de comemoração aos 45 anos do PT, realizado na manhã deste sábado (22) no Rio de Janeiro.

Entre os sucessivos discursos, os participantes proferiram muitas palavras de ordem contra o ex-presidente, a suposta tentativa de golpe de Estado, o “fascismo” e o projeto de lei que pretende anistiar os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. E, ainda, o “golpe” – o impeachment – da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016.

“Se eles voltarem, tudo aquilo que é conquista eles destroem. E não falharão em construir mentiras para destruir a gente outra vez”, disse Lula mencionando José Dirceu por ter sido “vítima de mentiras” e que ele próprio também foi.

José Dirceu chegou a ser preso por envolvimento no escândalo do Mensalão e teve as condenação revertidas, e agora está pavimentando a volta à política com o apoio de Lula.

O evento teve a presença de centenas de militantes do partido, ministros de Lula, líderes do governo no Congresso, políticos correligionários em prefeituras e governos estaduais, líderes sindicais e a primeira-dama Janja Lula da Silva.

Em outro momento, o presidente citou o que considera como fake news que levaram ao 8 de janeiro de 2023, e afirmou que “agora estão pedindo anistia”.

“Nem foram condenados e já estão pedindo para serem anistiados. Eles deveriam estar pedindo inocência. Eles vão ser julgados, se tiverem culpa vão ser condenados, e aí sim vão ter que amargar o gosto das coisas que eles fizeram com muita gente inocente”, disse.

“Agora nós temos uma extrema-direita radicalizada, mentirosa, tem a maior desfaçatez e não tem medo de falar qualquer calúnia, qualquer filha da mãe que eles falam com os outros. Todo mundo é ofendido todo dia, temos que enfrentar. […] Estamos numa guerra, é nós contra as empresas de plataforma digital”, disparou.

Críticas ao próprio partido

Lula emendou afirmando que o PT precisa estar atento às novas formas de comunicação – em especial nas redes sociais – para rebater o que considera como desinformação e fake news “com a maior agilidade possível”. “É preciso que a gente tenha a coragem de enfrentar a fake news”, pontuou criticando as big techs por ameaçarem a Justiça – entre eles o ministro Alexandre de Moraes e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

E defendeu que o PT volte a discutir política nas fábricas, nas ruas e na periferia, e que não adianta pedir votos apenas a cada quatro anos como outros partidos políticos.

“O PT não nasceu igual, o PT nasceu para ser diferente. Não se trata de propor uma volta ao passado. O Brasil e o mundo mudaram muito nos últimos anos, e o PT precisa estar conectado com o futuro de enormes desafios, não apenas no Brasil, mas para toda a humanidade”, disse ressaltando, entre outros momentos, o que seria o avanço da extrema-direita no mundo.

Elogios a Gleisi

Alguns discursos também fizeram referência à prisão de Lula em 2018 por envolvimento em esquemas de corrupção descobertos pela Operação Lava Jato e elogios à presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, por ter liderado a legenda naquele momento – apontado pelos militantes como o mais difícil da trajetória.

“Que comandou e comanda o partido num momento muito especial, muito difícil e que, com a sua bravura, conseguimos dar a volta por cima junto com essa militância e retornar o presidente Lula ao Poder”, disse o governador Rafael Fonteles (PT-PI).

Pouco depois, Gleisi agradeceu e reforçou o coro do que considera como injustiças contra Dilma e Lula.

“Foi o legado dos governos do Lula e da Dilma que nos conferiu autoridade política pra enfrentar a maior campanha de destruição já feita contra um partido e sua liderança. Uma campanha de aniquilamento movida por interesses econômicos, políticos e sociais dentro e fora do Brasil”, disparou.

“Golpe” de 2016

Gleisi ainda reforçou que o impeachment de 2016 foi um golpe “sem crime de responsabilidade, contra uma presidenta honesta que não cometeu crime nenhum”. E estendeu a crítica à posterior prisão de Lula em 2018.

“Acusaram falsamente, condenaram sem provas, prenderam, cassaram os direitos de Lula ilegalmente. Tiraram o direito do povo de elegê-lo presidente em 2018. Mataram e sepultaram o PT muitas vezes nas manchetes e jornais”, completou citando que ganhou cinco eleições presidenciais e “ganharemos a próxima”.

Ela emendou afirmando que os governos “após o golpe de 2016” foram “desastrosos para o país” e “terríveis ameaças para a democracia”, com o que teria sido uma regressão da economia e volta do Brasil ao Mapa da Fome. E direcionou um ataque direto a Bolsonaro como feito normalmente por Lula em discursos, quando cita as mortes ocorridas durante a pandemia da Covid-19.

“Jamais esquecermos a dor de centenas de milhares de famílias que sofreram o luto na pandemia, pela mão criminosa daquele que sonegou a vacina, zombou da ciência, dos mortos e da solidariedade humana”, completou.

“Esse ser agora está denunciado, e nos 45 anos do PT, é um presente para a democracia essa denúncia contra Bolsonaro”, disparou Gleisi citando que o ex-presidente será julgado com todos os direitos e “sem anistia”.

Para ela, o plano foi exatamente contra o PT e começou a ser elaborado a partir do momento em que Lula recuperou os direitos políticos para concorrer novamente à presidência da República.

A presidente nacional do PT ainda reforçou que o governo Lula enfrenta uma “oposição fascista” e pelos “arautos do neoliberalismo que espoliou o patrimônio nacional e manteve os muito ricos encastelados em privilégios fiscais injustos e indecentes”.

Gleisi também citou, ao longo dos discursos, as políticas públicas do PT que diz terem sido destruídas pelos governos anteriores e que estão sendo retomadas. Também reconheceu que os alimentos estão caros – uma crise vivida pelo governo –, mas que foi fruto de uma suposta especulação do mercado financeiro.

Ela ainda minimizou as pesquisas de opinião que indicam um aumento da desaprovação do governo, afirmando que não fica olhando para trás e sim “para o futuro” e que “não é uma pesquisa de antevéspera que vai nos abalar”.



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