Enquanto PL abraça Mabel, PT se coloca como oposição “responsável” na Câmara

Bruno Goulart

Indo para o terceiro mês de mandato à frente da Prefeitura de Goiânia, o prefeito Sandro Mabel (UB) já enfrenta uma oposição clara e organizada na Câmara de Goiânia. Enquanto o PL, segundo maior partido da casa com quatro vereadores, parece embarcar na base do prefeito, o PT se consolida como a principal força de oposição à gestão. Com três vereadores – Professor Edward, Kátia e Fabrício Rosa –, o partido do presidente Lula tem sido incisivo em suas críticas à falta de diálogo, às medidas autoritárias e à priorização de interesses privados em detrimento do serviço público.

O HOJE conversou com os três parlamentares petistas, que detalharam suas preocupações e propostas para a capital goiana. Enquanto isso, o PL, liderado pelo vereador Vitor Hugo, ex-deputado federal com forte ligação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, tem adotado uma postura mais alinhada ao governo Mabel. Entretanto, comenta-se nos bastidores que a atuação do PL na Câmara reflete mais uma disputa de pautas nacionais do que da capital. Isso é facilmente explicado pela influência política de Vitor Hugo, acostumado aos holofotes da Câmara Federal em Brasília – em contraste com a de Goiânia.

“Oposição responsável”

A vereadora Kátia, presidente estadual do PT em Goiás, foi enfática ao criticar a gestão de Sandro Mabel. Ela destacou ao O HOJE que o PT é oposição não por questões pessoais, mas por divergências profundas com as políticas adotadas pelo prefeito. “Nós temos inúmeros pensamentos diferentes daquilo que ele tem feito. É inadmissível um prefeito que coloque em sua gestão a ampla maioria dos apoiadores do ex-prefeito Rogério Cruz e tente colocar nos servidores públicos a fatura da má gestão”, afirmou.

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Kátia também criticou a falta de diálogo da gestão, citando como exemplo as mudanças no trânsito e na educação, implementadas sem consulta à Câmara ou à população. “Ele fez alterações que impactam diretamente a vida dos comerciantes, pedestres e motoristas sem dialogar com ninguém. Na educação, para zerar a fila do déficit de vagas, superlotou as unidades, prejudicando crianças e professores”, denunciou.

O vereador Fabrício Rosa reforçou o posicionamento do PT como uma oposição responsável e propositiva. “Nós não nos opomos pessoalmente a Mabel. Somos uma bancada de esquerda que propõe soluções baseadas no coletivo. Nos opomos ao formato que a gestão do Mabel apresenta”, disse. Rosa criticou a privatização de vagas em creches para entidades religiosas e privadas, defendendo a conclusão de obras de CMEIs já em andamento e a oferta de vagas por meio de concursos públicos.

Ele também se posicionou contra a taxa do lixo, que custaria cerca de R$ 1 mil por pessoa, e defendeu o fortalecimento da Comurg, empresa pública de limpeza urbana. “Queremos uma Goiânia limpa, mas com servidores concursados, não com dinheiro público indo para empresas privadas que visam o lucro”, afirmou.

O Professor Edward, outro vereador do PT na Câmara, destacou que sua oposição será focada em matérias que contrariem os interesses da população. “Não tenho problema em votar a favor de propostas da prefeitura que sejam boas para a sociedade. Mas me oponho a privatizações, medidas que impactem negativamente os servidores públicos e a taxa do lixo”, declarou.

Pautas do PL puramente nacionais

Apesar de ser o segundo maior partido na Câmara, atrás apenas do MDB, o PL, representado pelos vereadores Vitor Hugo, Oseias Varão, Coronel Urzêda e Willian Veloso, tem sido criticado por priorizar agendas nacionais em detrimento das demandas da capital. Uma fonte de dentro do legislativo disse ao O HOJE que os quatro estão muito alinhados às pautas políticas de Bolsonaro que em nada tem a ver com os reais problemas de Goiânia.

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