Precurssores de “Ainda Estou Aqui”: o cinema brasileiro no Oscar

As indicações de “Ainda Estou Aqui” no Oscar 2025 são históricas, em especial a indicação em “Melhor Filme”, que é inédita para um filme produzido no Brasil. O longa, protagonizado por Fernanda Torres (que também foi indicada a “Melhor Atriz”) e dirigido pelo cineasta Walter Salles, ganhou o público e as críticas nacionais e internacionais.No entanto, ele não é o primeiro a chegar ao Oscar. Foram poucos, apenas 9 no total, contando com este ano, mas o cinema nacional já teve seus representantes, em especial na categoria de “Melhor Filme Internacional”.VEJA TAMBÉMNew York Times aposta em Oscar para Fernanda TorresVeja quem disputa “Melhor Filme Internacional” com “Ainda Estou Aqui”Saiba quem disputa o prêmio de “Melhor Atriz” com Fernanda TorresDe 1963 até 2019, alguns longas chegaram à maior premiação de cinema do mundo, mas nenhum levou o prêmio. Será que, em 2025, a sorte vai mudar?Veja os filmes brasileiros indicados ao Oscar:1. O Pagador de PromessasZé do Burro é um cristão simples e devoto de Santa Bárbara. Ele é casado com Rosa e os dois vivem em uma pequena propriedade no sertão baiano. Quando o burro de estimação de Zé é atingido por um raio, ele faz uma promessa para sua santa de devoção salvar o animal: carregar uma imensa cruz de madeira até a Igreja de Santa Bárbara em Salvador. O animal sobrevive, mas Zé enfrenta uma jornada angustiante para cumprir sua promessa e ainda encara a oposição ferrenha do padre Olavo.Indicado a Melhor Filme Estrangeiro em 1963, o longa é o primeiro da história do Brasil a chegar no Oscar, e o único até hoje a vencer a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes.

2. O QuatrilhoEm 1910, em uma comunidade rural de imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, dois casais dividem a mesma casa. O tempo faz com que uma das esposas se interesse pelo marido da outra. Ambos decidem fugir e recomeçar uma vida nova, deixando para trás seus parceiros.O longa foi indicado a Melhor Filme Estrangeiro em 1996.

3. O que é Isso, Companheiro?O jornalista Fernando e seu amigo César abraçam a luta armada contra a ditadura militar no final da década de 1960 após a instauração do Ato Institucional nº 5. Os dois se alistam em um grupo guerrilheiro de esquerda. Em uma das ações do grupo militante, César é ferido e capturado pelos militares. Fernando planeja o sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick, para negociar a liberdade de César e de outros companheiros presos.Também com Fernanda Torres e Selton Mello (desta vez em papéis de menos destaque), o longa foi indicado a Melhor Filme Estrangeiro em 1998.

4. Central do BrasilDora, uma amargurada ex-professora, ganha a vida escrevendo cartas para pessoas analfabetas, que ditam o que querem contar às suas famílias. Ela embolsa o dinheiro sem sequer postar as cartas. Um dia, Josué, o filho de nove anos de idade de uma de suas clientes, acaba sozinho quando a mãe é morta em um acidente de ônibus. Ela reluta em cuidar do menino, mas se junta a ele em uma viagem pelo interior do nordeste em busca do pai de Josué, que ele nunca conheceu.Além da já “batida” indicação a Melhor Filme Estrangeiro, o longa de Walter Salles garantiu a primeira indicação em uma categoria principal da história do país, para Fernanda Montenegro como Melhor Atriz, em 1999.

5. Uma História de FutebolA disputa da final da Taça Júlio Ramalho, campeonato de futebol de várzea, em 1950. Para enfrentar o time rival, Zuza contava com o amigo Dico, mais tarde apelidado de Pelé.O curta foi indicado a Melhor Curta-metragem em Live Action, na primeira indicação brasileira do século XXI, em 2001.

6. Cidade de DeusBuscapé é um jovem pobre, negro e sensível, que cresce em um universo de muita violência. Ele vive na Cidade de Deus, favela carioca conhecida por ser um dos locais mais violentos do Rio. Amedrontado com a possibilidade de se tornar um bandido, Buscapé é salvo de seu destino por causa de seu talento como fotógrafo, o qual permite que siga carreira na profissão. É por meio de seu olhar atrás da câmera que ele analisa o dia a dia da favela em que vive, onde a violência aparenta ser infinita.Primeiro dos longas na lista a não ser indicado em Melhor Filme Estrangeiro, o longa de Fernando Meirelles garantiu o maior número de indicações da história de um filme brasileiro, com indicações em Edição, Direção, Fotografia e Roteiro Adaptado.

7. O Menino e o MundoUm menino mora com os pais em uma pequena cidade do campo. Diante da falta de trabalho, um dia, ele vê o pai partindo para a cidade grande. Os dias que se seguem são tristes e de memórias confusas para o garoto. Até que então ele faz as malas, pega o trem e vai descobrir o novo mundo em que seu pai mora. Para a sua surpresa, a criança encontra uma sociedade marcada pela pobreza, exploração de trabalhadores e falta de perspectivas.Primeira animação da lista, o longa foi indicado a Melhor Animação em 2013, há apenas 10 anos.

8. Democracia em VertigemDocumentário político e memórias pessoais se misturam nesta análise sobre a ascensão e queda de Lula e Dilma Rousseff e a polarização da nação.Distribuído pela Netflix, o documentário de Petra Costa levou o Brasil, em 2019, a garantir a primeira indicação do país por Melhor Documentário.

Menções honrosas:Esses filmes não são brasileiros, a produção não é brasileira, e talvez nem representem o Brasil tão bem. Mas eles garantiram a indicação para alguns brasileiros.1. BrazilMiguel Soares (Tito Guízar) é um compositor brasileiro que enfrenta um bloqueio criativo enquanto tenta compor uma nova música para o Concurso Nacional de Canção Brasileira, a ser realizado no Rio de Janeiro. Após o sucesso de seu último hit, Brasil, ele busca repetir o feito, mas a pressão o deixa ainda mais desafiado. Em meio a esse processo, Miguel se apaixona por Nicky Henderson (Virginia Bruce), uma famosa romancista americana e autora do best-seller Por que Casar-se com um Latino? Para conquistar o coração da escritora, ele cria um plano inusitado: se disfarça de gêmeos, na tentativa de impressioná-la com sua habilidade e carisma. Nicky, por sua vez, está no Brasil pesquisando para seu próximo livro, o que torna esse encontro ainda mais envolvente e cheio de reviravoltas românticas e culturais.Produzido nos EUA e com um mexicano no papel de brasileiro, de Brasil mesmo, o filme só tem a música “Rio de Janeiro”, de Ary Barroso, que garantiu a primeira indicação da história a um brasileiro, por Melhor Canção Original, em 1945.

2. O Beijo da Mulher AranhaNo presídio de um país latino-americano, Luís Molina e Valentín Arregui são dois prisioneiros que dividem a mesma cela. O sonhador Luís é homossexual e distrai seu companheiro de cárcere com as histórias fantásticas que conta noite após noite. Valentín é um preso político devotado à sua causa, mas que sofre por estar longe da mulher que ama. Apesar das diferenças e do estranhamento inicial, a dupla aprende a se respeitar à medida que o tempo passa.Mais uma produção dos EUA, mas co-produzido por brasileiros, e com Sônia Braga, Milton Gonçalves e Nuno Leal Maia no elenco, o filme foi indicado a Melhor Filme, e o diretor, o argentino Hector Babenco, naturalizado no Brasil, foi indicado a Melhor Diretor.

3. RioCapturada por contrabandistas de animais quando tinha acabado de nascer, a arara Blu nunca aprendeu a voar e vive uma vida domesticada feliz em Minnesota, nos Estados Unidos, com sua dona, Linda. Blu pensa que é a última arara de sua espécie. Mas quando descobrem que Jewel, uma fêmea, vive no Rio de Janeiro, Blu e Linda vão ao seu encontro. Os contrabandistas capturam Blu e Jewel, mas as aves escapam e começam uma aventura arriscada rumo à liberdade.Mais uma vez produzido nos EUA, o longa de animação foi dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, mas ele não é o motivo de estar nesta lista. A música “Real in Rio”, de Carlinhos Brown e Sérgio Mendes, foi indicada a “Melhor Canção Original” em 2012.