Aprovado em 1º lugar no CNU trabalhou com Bolsonaro – 28/02/2025 – Mercado


O primeiro colocado em um dos cargos mais cobiçados do CNU (Concurso Nacional Unificado), com direito a salário inicial de R$ 20.924,8, tem currículo extenso. Bruno Caligaris, 41, já foi chefe de gabinete no governo Temer, atuou na presidência da República sob Bolsonaro e foi coordenador em ministério no atual mandato de Lula.

Para ser aprovado no concurso, Bruno diz que chegou a estudar, em média, oito horas por dia, conciliando a preparação para a prova com o trabalho como assessor na Secretaria de Gestão no governo de São Paulo. Contratou um coach para ajudá-lo a montar um método e cronograma de estudos.

Ainda que tenha sido recém-aprovado no concurso, sua vivência no setor público foi iniciada há mais de uma década: começou em 2013 como analista-técnico de políticas sociais, onde trabalhou por alguns meses no Ministério da Saúde. Depois, em 2014, passou no certame para analista tributário da Receita Federal, cargo que ocupa desde então.

Mas o sonho sempre foi a carreira de especialista em políticas públicas e gestão governamental, conhecida como EPPGG, por ter interesse em trabalhar com a melhoria de serviços públicos no geral. É uma das poucas carreiras transversais do setor, em que o profissional atua em diferentes órgãos ao longo da trajetória profissional.

“Trabalhei com políticas públicas concebidas no âmbito federal, mas que eram endereçadas para municípios nos mais diversos rincões do Brasil. Vi que era com esse tipo de desafio que eu queria trabalhar”, afirma. “Quero fazer melhorias nos serviços públicos e ver meu trabalho reverberando para um maior número de pessoas.”

Esta é a primeira reportagem de uma série sobre os aprovados no CNU, uma parceria entre a Folha e o Instituto República.org, voltado à gestão de pessoas no setor público. A série vai abordar a trajetória pessoal, profissional e a dedicação aos estudos de alguns dos futuros servidores classificados no maior concurso público da história.

Formado em direito pela PUC-SP, Bruno teve experiência de três anos no mercado privado, em uma empresa de auditoria, antes de entrar no setor público. Chegou a se inscrever no certame para EPPGG de 2013, que foi cancelado. Quando passou para o cargo da Receita, não estava satisfeito –queria atuar em uma área menos ligada à tributação.

Em 2016, tornou-se chefe de gabinete na Secretaria Nacional de Segurança Pública. A partir daí, seguiu em uma série de cargos comissionados devido ao networking que fazia em Brasília, segundo ele.

Ainda no governo Temer, foi subsecretário de Planejamento e Orçamento no Ministério Extraordinário da Segurança Pública. Depois, em 2019, tornou-se secretário especial de Relações Institucionais, durante o governo Bolsonaro. No fim do mesmo ano, assumiu cargo de diretor de projetos estratégicos na Presidência da República, onde ficou até o fim do mandato do ex-presidente.

Em março de 2023, Bruno voltou ao governo federal para ocupar o cargo de Coordenador-Geral das Indústrias Química e Petroquímica, no Ministério da Indústria, chefiado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

“O servidor público é o esteio do Estado para todas as ocasiões. Independentemente da conjuntura política, o servidor permanece e faz com que haja uma perenidade maior”, afirma “Estive em alguns momentos de crise ao longo da carreira. Vi que um poder público organizado pode fazer a diferença na vida da população.”

O preparo para o CNU começou desde o início de 2023, quando rumores sobre um possível concurso para a carreira de EPPGG começaram. Como precisava conciliar estudos e vida profissional, decidiu contratar o coach.

O instrutor passou alguns métodos que visam otimizar o aprendizado. Sugeriu, por exemplo, que Bruno estudasse as matérias por 50 minutos e, depois, descansasse por dez minutos. O coach também preparava simulados e listas de exercícios.

Um dos maiores desafios para o candidato era a falta de tempo para a vida pessoal. Casado e pai de dois filhos pequenos, ele abdicou de momentos com a família, além de ter passado a maior parte do cuidado com as crianças para a esposa.

No início do ano passado, quando o edital do CNU foi divulgado, Bruno cancelou uma viagem, que faria com a família durante o Carnaval, para estudar. Os fins de semana também eram voltados ao certame.

“Em alguns momentos, eu era indagado pela minha filha se eu ainda a amava, porque já não passava tanto tempo com ela. Minha esposa também ficou sobrecarregada, e nossa relação enquanto família foi alterada.”

A aprovação no concurso foi uma conquista celebrada por todos do núcleo familiar, segundo Bruno. Agora, ele se prepara para o curso de formação em Brasília, cidade onde vive.

“Vai ser a primeira vez desde o primeiro ano da faculdade que terei um momento só para estudar”, diz.

“Minha expectativa é muito grande por saber da qualidade desses profissionais e pela possibilidade de engajar em políticas públicas.”



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