Autopercepção da Alemanha como um país de imigração mudou


DW: De que ponto na História vem a ideia de que a imigração é um problema com o qual a sociedade alemã deve se preocupar?

Sulin Sardoschau: A Alemanha tem um grande histórico de imigração, começando mesmo após a Segunda Guerra Mundial, quando muitas pessoas de língua alemã expulsas [de áreas anexadas pela Polônia e Rússia] foram reassentadas na Alemanha Ocidental. Depois, na década de 1950, a era do milagre econômico, milhões de trabalhadores temporários (“Gastarbeiter” em alemão, que literalmente significa “trabalhador convidado”) foram recrutados para reconstruir a economia. Nos anos 1970, 12% da força de trabalho já era composta por migrantes vindos da Turquia, Itália, Grécia e outros países.

Foi mais tarde, na década de 1990, após a reunificação, o colapso do bloco comunista e a grande migração de refugiados vindos, por exemplo, da ex-Iugoslávia, que o tema se tornou mais político. Houve uma onda de ataques xenófobos em Rostock-Lichtenhagen, e o tema deixou de ser a imigração como uma necessidade econômica. A ideia de que as pessoas deveriam retornar depois de trabalharem deu espaço para: “Na verdade, essas pessoas estão ficando e há mais chegando. Como lidamos com isso política e socialmente?”

Nestas eleições, vimos muitos partidos sugerindo ou afirmando que a imigração descaracteriza a Alemanha. Esta foi a postura política predominante no pós-guerra?

A ideia era dizer que havia escassez de mão de obra no país e que se precisava da força de homens e mulheres. Mesmo com a chegada do milionésimo trabalhador convidado à Alemanha (em 1964), o então ministro do Trabalho, Theodor Blank, disse: “É ótimo que vocês venham para cá porque aprenderão muitas habilidades que levarão para seus países de origem.” Portanto, mesmo naquela época, a concepção de imigração como algo permanente não estava presente.

Na década de 1970, isso mudou quando houve o choque do preço do petróleo, e a Alemanha entrou em recessão, com o aumento do desemprego entre imigrantes e nativos. A escassez levou, é claro, a conflitos. A ideia era que agora, por favor, vocês deveriam voltar, porque não precisamos mais de vocês. Mas é claro que, como (o escritor suíço) Max Frisch disse: pedimos trabalhadores, e nós recebemos pessoas.





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