Usuários do CRAS Garavelo enfrentam dificuldades para atendimento

Moradores que dependem dos serviços do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Garavelo, em Aparecida de Goiânia, denunciam a dificuldade para conseguir atendimento no local. Segundo relatos, são distribuídas apenas 20 senhas por dia, sendo dez para o período da manhã e dez para a tarde. A alta demanda e a limitação no número de senhas têm gerado longas filas e insatisfação entre os cidadãos.

O Centro atende moradores de diversas regiões próximas, como os bairros Cardoso 1 e 2, Garavelo, Garavelo Park, Village Garavelo e Buriti Sereno, entre outros. Para garantir uma senha, muitos chegam de madrugada, enfrentando longas filas e condições adversas. 

“Algumas pessoas chegaram por volta das 2h ou 3h da manhã para conseguir atendimento. Quando cheguei às 6h, já era a 27ª na fila. Ou seja, quem não passa a noite na porta não consegue ser atendido”, relatou uma usuária.

Segundo os usuários, não há preferência para pessoas em situação de vulnerabilidade, como idosos, gestantes ou mães com bebês de colo. “Muitas pessoas passam na frente de quem realmente precisa. A falta de organização é um problema sério”, afirmou uma denunciante.

Os moradores também relatam que o funcionamento do local é irregular. “Chegamos aqui por volta das 11h30 para sermos atendidos às 13h. Mas agora já são 15h e ainda estamos esperando”, disse um usuário. Outro residente da região relatou que, ao comparecer ao CRAS às 14h em outro dia, não encontrou mais senhas disponíveis e sequer havia funcionários atendendo.

Os pacientes também apontam que o tempo de espera é excessivo. “Demora quase uma hora para chamar cada pessoa. Não há quantidade suficiente de funcionários. Disseram que uma funcionária será realocada, o que reduzirá ainda mais o atendimento”, afirmou um deles.

A situação de vulnerabilidade de algumas usuárias também não tem sido considerada. Uma mãe, que deu à luz há apenas 22 dias, passou a madrugada inteira na fila sob chuva, segurando o bebê recém-nascido. Apesar da situação, ao chegar ao atendimento, foi orientada por um funcionário a “esperar passar o resguardo”, sendo a 21ª na fila e deixando o local sem atendimento.

A situação pode se agravar nos próximos dias. Segundo informações repassadas pelos próprios frequentantes, o sistema ficará indisponível e o atendimento só será retomado no dia 17 de março.

CRAS Vera Cruz compartilha a mesma situação 

Além das dificuldades enfrentadas no CRAS Garavelo, moradores também denunciam problemas semelhantes na unidade Vera Cruz. “Se fosse só no CRAS do Garavelo, mas já faz semanas que estamos tentando ser atendidos no CRAS do Vera Cruz. Um dia eram 25 senhas, depois baixou para 20, depois para 15. Chegamos às 6h da manhã, o atendimento começava às 8h. Na última vez, eram 20 senhas, chegamos em 17, mas no dia só estavam entregando 15 senhas. Perdemos a viagem, saindo de madrugada com neném, na chuva e no frio, e não fomos atendidos”, relatou uma moradora.

Outro usuário criticou o tratamento recebido. “É uma vergonha uma pessoa ter que chegar às 2h da manhã pra ser atendida, sendo que o funcionário só chega às 8h e ainda trata as pessoas feito lixo”, desabafou.

O problema da falta de senhas e do atendimento precário tem afetado famílias inteiras. “Tenho um bebê de 6 meses e já é a terceira vez que vou ao CRAS Vera Cruz e nada de ser atendida. Fico no frio com meu bebê, a prefeitura tem que fazer algo. Tem gente que está perdendo o Bolsa Família porque não consegue recadastrar”, denunciou outra mãe.

“Já tem mais de um mês que ando pra lá e não consigo atualizar o meu cadastro. Todos os dias é a mesma ladainha: só 20 senhas. Isso é uma vergonha! E o restante do dia, o que esse povo faz?”, questionou uma usuária.

Em nota enviada ao jornal O Hoje, a Prefeitura de Aparecida, por meio da Secretaria de Assistência Social, informou que está realizando Mutirões do CadÚnico itinerante para reduzir a procura nos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS). 

Além disso, a administração municipal esclareceu que, devido à implementação da manutenção do sistema em âmbito nacional, o cadastramento e atualização do CadÚnico estará suspenso até o dia 16 de março, com retomada do atendimento normal no dia 17.

Apesar da explicação da prefeitura, os moradores seguem preocupados com as dificuldades enfrentadas diariamente para conseguir atendimento. Para muitos, os mutirões itinerantes não são suficientes para suprir a demanda da população, que continua lotando o CRAS em busca de serviços essenciais.

Diante dessas dificuldades, os moradores pedem mais organização e transparência na distribuição de senhas, aumento do quadro de funcionários e um atendimento mais humanizado, especialmente para pessoas em situação de vulnerabilidade. Enquanto isso não acontece, a população segue enfrentando filas intermináveis e incertezas sobre quando conseguiram o atendimento que precisam.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.