Abafador de som ajuda pessoas com autismo a curtir folia – 04/03/2025 – Cotidiano


Enquanto alguns celebram, as sonoridades do Carnaval podem provocar incômodo profundo em outros, incluindo pessoas com autismo, idosos e pessoas com síndrome de Down. Para tentar reduzir os impactos do buralho durante grandes eventos, a Prefeitura de Santos (SP) distribuiu cerca de 500 abafadores de ruído aos cidadãos com sensibilidade auditiva.

Comunidades mais afetadas pela sensibilidade auditiva, como pessoas com autismo, e seus familiares, dialogaram com a gestão municipal para encontrar uma solução que gerasse mais conforto no dia a dia.

Foi daí que surgiu a ideia do ProteSom —uma espécie de fone que reduz ruídos, mas sem abafar completamente a comunicação com outras pessoas.

A Secretaria da Mulher, Cidadania, Diversidade e Direitos Humanos se juntou à de Cultura para adquirir os aparelhos, que são distribuídos em diferentes pontos da cidade. A doação começou no Réveillon, outro evento que pode gerar incômodo em quem tem hiperacusia –nome oficial da condição.

De acordo com Nina Barbosa, chefe da pasta de Diversidade, o som alto impedia as pessoas com sensibilidade auditiva de aproveitar festas como o Carnaval. Pais e responsáveis por crianças que têm essa condição também deixavam de ir aos eventos por receio do ruído.

“É um equipamento simples, mas o fato de não tê-lo impede, por exemplo, uma mãe e seus filhos de ter acesso aos bailes de Carnaval. Às vezes, ela nem sai de casa sabendo que, chegando àquele lugar, a criança não vai querer ficar por causa do barulho.”

Segundo a secretária, a pasta de Cultura também ajudou na divulgação do ProteSom. Os aparelhos foram distribuídos em eventos da prefeitura. Festas como o Carnabonde, tradicional em Santos, e o desfile das escolas de samba da cidade foram alguns dos pontos de doação.

Para pegar o aparelho, a pessoa precisa apresentar a carteira da pessoa com deficiência, expedida pela secretaria da Diversidade.

Um dos beneficiados foi Bryan Melfa, 6, diagnosticado com TEA (transtorno do espectro autista). De acordo com Sonia Regina Melfa, avó de Bryan, eles descobriram sobre a doação do aparelho em um anúncio de televisão e logo foram até o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) para buscá-lo.

Hoje, o neto usa constantemente o ProteSom –não só para barulhos de grandes eventos, mas também para bloquear outros ruídos que incomodam, como sons de trovão e chuva, e até para dormir.

“Ele não quis comparecer ao Carnaval por causa do barulho. Eu falei, ‘filho, se você quiser, eu te levo, porque agora você tem o abafador”, e ele disse ‘não, vovó, eu vejo pela TV'”, brinca ela. “Mas acredito que, futuramente, o Bryan possa aproveitar muito mais.”

De acordo com Cristiane Zamari, coordenadora de políticas para pessoas com deficiência, os eventos da prefeitura contam com recursos de acessibilidade previstos em lei, como espaço reservado para pessoas com deficiência e intérpretes de libras. Ela diz que, no entanto, expandir essas medidas para eventos privados ainda é um desafio.

“A gente pode suportar a demanda dos eventos que o município promove, mas precisamos fazer a sociedade entender que as empresas particulares precisam também cumprir com as responsabilidades de inclusão e acessibilidade.”



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