Tarifas de Trump: Como cerveja e frutas serão impactadas – 04/03/2025 – Mercado


A cerveja mexicana que os norte-americanos adoram provavelmente ficará mais cara, agora que o presidente dos EUA, Donald Trump, iniciou a imposição de pesadas tarifas sobre os produtos importados dos dois países vizinhos dos Estados Unidos.

“Amanhã (terça-feira) —tarifas de 25% no Canadá e 25% no México. E isso vai começar”, afirmou Trump na tarde de segunda-feira (3).

Trump inicialmente ameaçou impor as tarifas no começo de fevereiro, devido ao que ele chamou de falha dos países em parar o fluxo de imigrantes e fentanil através de suas fronteiras. Seus líderes ganharam um adiamento de um mês ao prometerem reforçar a segurança nas fronteiras. Na segunda-feira, Trump citou uma razão diferente para as penalidades: redirecionar a manufatura de volta para os Estados Unidos.

Tais penalidades provavelmente causarão dor real a esses países, que são os dois principais parceiros comerciais dos EUA. Mas os consumidores norte-americanos também serão prejudicados, segundo economistas. Com as tarifas, os importadores provavelmente terão que aumentar seus preços para compensar.

O México fabrica todos os tipos de coisas que o norte-americano médio usa. Ele é responsável por 88% das picapes vendidas nos EUA; uma tarifa de 25% poderia adicionar cerca de US$ 3.000 ao preço de uma nova caminhonete Ford ou GM, afirmou recentemente o ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard.

O país fornece cerca de metade das frutas importadas dos EUA e dois terços dos vegetais importados, em termos de valor como tomates, frutas vermelhas, pimentões e pepinos.

E então há a cerveja. A maior parte da cerveja importada que os norte-americanos consomem é fabricada no México.

COMO FICA A CERVEJA?

Cerca de 18% de toda a cerveja consumida nos Estados Unidos é importada, de acordo com o Beer Institute, que representa a indústria cervejeira local. O México fornece aproximadamente 4 de cada 5 galões de cerveja importada.

Em 2023, a cerveja mexicana Modelo Especial tornou-se a mais vendida nos EUA, em termos de valor. Uma tarifa de 25% poderia aumentar o preço de marcas como Modelo Especial e Corona entre 4% e 12%, segundo analistas citados pelo Beer Marketer’s Insights, um boletim informativo da indústria. O fabricante dessas cervejas, Constellation Brands, não respondeu a e-mails solicitando comentários.

CERVEJA MEXICANA É, NA VERDADE, MEIO DOS EUA

Aqui está o ponto sobre o comércio EUA-México: os países cada vez mais produzem coisas juntos, devido em parte ao tratado de livre-comércio da América do Norte.

Pegue essa cerveja mexicana. Ela pode ser feita com cevada de Idaho, Montana ou Dakota do Norte. O México não produz cevada suficiente para sua crescente indústria de cerveja. Os agricultores norte-americanos têm observado com satisfação suas exportações totais de cevada maltada (um dos principais ingredientes da cerveja) triplicarem desde 2000.

Um impressionante 97% disso foi para o México. Se a cerveja mexicana nos Estados Unidos se tornar mais cara —e vender menos— isso pode acabar afetando os produtores de cevada.

Aquela Corona ou Modelo Especial pode evocar as suaves ondas das praias de Cancún, as taquerias em Ensenada, os pores do sol em Tulum… mas adivinhe? As cervejarias no México que produzem essas cervejas populares são de propriedade de uma empresa com sede em Nova York, a Constellation Brands.

Até agora, a empresa não parece preocupada com as penalidades de importação. Diz-se que ela se saiu muito bem durante o primeiro mandato de Trump, quando ele ameaçou o México com tarifas abrangentes —mas não as impôs.

A Constellation seria a “empresa mais atingida” pelas tarifas dos EUA sobre as cervejas mexicanas, analisou Benj Steinman, editor da publicação comercial. A outra empresa que poderia sofrer é a Heineken, com sede na Holanda, que fornece aos americanos marcas como Tecate e Dos Equis.

SEGURE A CERVEJA (E FRUTAS VERMELHAS, TOMATES, ABACATES…)

Cerveja é apenas um dos muitos alimentos e bebidas que o México coloca nas mesas das cozinhas norte-americanas. Este país fornece cerca de metade das frutas frescas e mais de 65% dos vegetais importados pelos Estados Unidos, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA. Uma razão para o crescimento do comércio é que o México tem uma temporada de cultivo mais longa do que seu vizinho do norte.

Muitas grandes empresas americanas de frutas e vegetais obtêm parte de sua produção no México. Os consumidores podem ver a mesma embalagem em suas frutas vermelhas durante todo o ano, mas o que está dentro do recipiente está constantemente mudando, dependendo de qual local está colhendo no momento.

“Alguns meses suas morangos vêm da Flórida, alguns meses da Califórnia, alguns meses elas vêm do México”, disse Darcy Kochis, diretora executiva da Associação Norte-Americana de Framboesas e Amoras.

A LIGAÇÃO DAS ECONOMIAS DOS PAÍSES

Claro, o comércio entre os Estados Unidos, México e Canadá vai muito além de alimentos e bebidas. O Canadá é o principal fornecedor de petróleo bruto para seu vizinho e também envia carros, máquinas, madeira e cimento pela fronteira. O México exporta aos americanos automóveis, refrigeradores e peças para carros, computadores, aviões e dispositivos médicos.

O comércio dos EUA com o México floresceu desde que o Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte) entrou em vigor em 1994. Em 2020, ele foi substituído pelo USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá), que atualizou o pacto para a era digital e fortaleceu as proteções trabalhistas. Trump negociou esse tratado e o chamou de “o melhor e mais importante acordo comercial já feito pelos EUA”. Mas suas tarifas propostas sobre o México e o Canadá poderão destruí-lo.



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