Trump tem obrigação de explicar ordem global que quer construir, diz The Wall Street Journal



BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Se Donald Trump está de fato querendo construir uma nova ordem global, ele precisa explicar seus planos e intenções aos americanos, afirmou o jornal The Wall Street Journal neste domingo (2).

Usualmente favorável ao republicano, o diário de Nova York publicou editorial chamado “Trump’s old world order” (A antiga ordem global de Trump), no qual questiona a falta de transparência do presidente quanto a suas ideias para a política externa dos Estados Unidos e critica as ações e declarações dadas até aqui.

“Como disse celebremente Charles Krauthammer, o declínio é uma escolha. Trump tem a obrigação de dizer aos americanos qual nova ordem ele acredita estar construindo. Então, podemos ter um debate sobre suas intenções e suas consequências. A noite de terça-feira seria um bom momento para deixar claras suas ambições”, conclui o editorial, fazendo referência ao discurso anual do Estado da União que Trump fará nesta terça (4) no Congresso americano -será o primeiro dele desde que retornou ao cargo.

“A visão convencional sobre Trump é que ele é, acima de tudo, uma pessoa que faz acordos. Ele quer acordos, tanto no país quanto no exterior, que possa vender como grandes sucessos. No entanto, da forma como seu segundo mandato está se desenrolando, isso pode subestimar sua ambição. A estratégia de Trump parece estar se movendo na direção de Tucker Carlson [ex-apresentador da Fox News] e J. D. Vance [vice de Trump], que veem a América em declínio e incapaz de liderar ou defender o Ocidente”, diz o jornal.

O Wall Street Journal lista, então, as ações e declarações de Trump relativas a política externa desde o dia 20 de janeiro, quando assumiu o cargo. O diário afirma que o republicano quer “lavar as mãos” na Guerra da Ucrânia, menciona tarifas maiores para aliados próximos, como Canadá e México, do que para a rival China, e diz que líderes em Taiwan e no Japão deveriam estar “profundamente preocupados”.

“Esses movimentos, tomados em conjunto, sugerem uma visão de mundo que há muito tempo é o objetivo dos isolacionistas americanos: deixar a China dominar o Pacífico, a Rússia dominar a Europa e os EUA as Américas. O Oriente Médio presumivelmente permaneceria uma região em disputa, pelo menos até que Trump faça um acordo nuclear com o Irã”, diz o texto.

Para o jornal, os atos de Trump indicam que ele busca uma nova ordem global que, na realidade, seria um retorno ao ordenamento anterior ao construído após a Segunda Guerra Mundial.

“Tudo isso equivaleria a um retorno decisivo ao mundo de competição entre grandes potências e equilíbrio de poder que prevaleceu antes da Segunda Guerra Mundial. É menos um mundo novo do que uma reversão a um antigo e perigoso”, afirma o jornal.

De propriedade de Rupert Murdoch, mesmo dono do canal francamente pró-Trump Fox News, o Wall Street Journal tem modulado seu discurso com relação ao republicano recentemente. O diário tem chamado as propostas de tarifas de Trump de burras e afirma que a discussão entre o presidente e Volodimir Zelenski na Casa Branca, na sexta-feira (28), foi uma vitória de Vladimir Putin.

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