De que forma o Brasil vai adaptar discurso contra diversidade de Trump? – 06/03/2025 – Todas as letras


O que Donald Trump fala com bile lá para as bandas de cima, o “corporativês” brasileiro vai traduzir de um jeito cínico. Me refiro ao breque às políticas de diversidade e inclusão, um dos alvos favoritos do novo mandato do presidente americano. “Nós acabamos com a tirania da chamada política de diversidade, equidade e inclusão de todo o governo federal [americano]. Nosso país não será mais woke”, bradou Trump.

O discurso feito nesta terça-feira (4) nos Estados Unidos pode ganhar eco aqui porque supõe-se que exista um cansaço quanto à aplicação destas medidas. Mesmo se feitas de maneira porca, elas dão trabalho. Alguém pode dizer que não houve o retorno de produtividade esperado e que os investimentos serão redirecionados para outras áreas que levem em consideração mérito e trajetórias de candidatos e colaboradores, qualquer blá-blá-blá assim.

As expectativas sobre populações minorizadas são sempre irreais. Tem quem pense que é preciso ser um poço de virtudes para exigir algum direito. Carla Sofía Gascón é a prova viva dos últimos tempos, cancelada à direita e à esquerda por não corresponder à narrativa cinematográfica de uma mulher trans da vida real. Ela deve responder por qualquer crime que cometa, deve ser responsabilizada por declarações preconceituosas e infelizes. Mas nunca, em hipótese alguma, pode sofrer transfobia como punição ou então ter relativizadas as transfobias que sofre por ter cometido algum erro em sua vida.

Quem vende o discurso da superioridade moral das minorias pode estar inebriado por uma inocência pueril. Ou então é extremamente demagógico. Essas populações precisam de suporte para chegarem aos espaços, se estabelecerem e um dia, quem sabe, atingirem junto aos demais a chamada equidade. Não é algo que se resolva num estalar de dedos. E essa trajetória não serve de caminho para o Olimpo.

Pelo direito de ser incorporado às estruturas normativas a ponto de um dia tornar-me um grande líder, financiar guerras, largar acordos climáticos, estrangular economias, pregar contra a democracia, barbarizar sobre cadáveres de conflitos e no fim dizer que o mundo vai mal por causa, sei lá, da diversidade.

Eu quero acesso, não quero perdão.


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