Mais diplomas de ensino superior não bastam – 06/03/2025 – Opinião


Dados recentes do IBGE ratificam a já conhecida situação precária da educação brasileira, apesar de revelarem alguns avanços importantes.

A taxa de pessoas acima dos 25 anos que concluíram o ensino superior triplicou entre 2000 e 2022, de 6,8% para 18,4%. Evolução bem-vinda que se junta à redução, de 63,2% para 35,2%, do estrato de brasileiros na mesma faixa etária sem instrução ou com ensino fundamental incompleto.

Mas é penoso constatar que quase metade da população nessa idade (49,2%) nem chega a concluir o ensino médio. Ademais, o avanço no ensino superior é baixo, quando comparado ao de outros países, e deve ser analisado a partir das distorções locais.

Na média dos membros da OCDE, o percentual de indivíduos entre 25 e 34 anos com diploma universitário em 2022 foi de 47,2% Nesse contingente, de acordo com o Censo, a taxa do Brasil é de só 22,4%, abaixo dos vizinhos Chile (40,5%) e Colômbia (34,1%).

Também não basta só elevar quantidade. É preciso que o ensino seja de qualidade e que essa mão de obra integre o mercado de trabalho para incrementar produtividade, inovação tecnológica e geração de renda.

Um país com crescimento econômico pífio nos últimos anos, porém, não consegue cumprir essa tarefa, empurrando diplomados para empregos de baixa qualidade, que pagam pouco, ou mesmo para a informalidade.

Pesquisa da Fundação Getulio Vargas mostra que, entre 2012 2023, o rendimento médio do trabalho dos brasileiros que estudaram 16 anos ou mais foi o que apresentou maior queda (16,7%), seguido por aqueles que estudaram entre 12 e 15 anos (11,2%), enquanto estratos que passaram menos de 1 ano ou de 1 a 4 anos nas escolas conseguiram altas de 27,5% e 5%, respectivamente.

Segundo o IBGE, 2,1% dos brasileiros de 18 a 65 anos que disseram ter recebido auxílio do Bolsa Família em 2022 (256 mil pessoas) completaram um curso superior, ante 0,9% (84 mil) em 2016.

A formação acadêmica também preocupa, com a explosão do ensino a distância em faculdades particulares. O poder público precisa contribuir para que a alta de diplomados seja acompanhada por ensino de qualidade.

A política econômica deve ser orientada sem vieses ideológicos, para facilitar o ambiente de negócios e ampliar a absorção dessa força de trabalho especializada pelo mercado, com ganhos que façam jus aos anos de estudos.

Sem isso, o Brasil continuará num círculo vicioso de baixo crescimento, dificultando a diminuição das desigualdades sociais.

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