Em coletiva, chanceler chinês busca unir emergentes contra ‘perturbações’ dos EUA – 07/03/2025 – Mundo


O chanceler Wang Yi, em entrevista coletiva nesta sexta (7), afirmou que a China e os países latino-americanos vão aproveitar seu encontro programado para maio, em Pequim, para “atravessar montanhas e oceanos e, independentemente de todas as perturbações, levar a cooperação China-América Latina a um novo patamar”.

Foi em resposta a uma pergunta da Folha, relativa às pressões do novo governo americano sobre Panamá e outras nações, contra a China na região.

Consultado por telefone, o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, disse que Lula deve participar do encontro de maio na capital chinesa, o chamado Fórum China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), que ocorre anualmente e está completando uma década.

Em sua resposta, Wang falou que “a cooperação China-América Latina é uma cooperação Sul-Sul, com apenas apoio mútuo e sem cálculos geopolíticos”. Pequim “nunca busca esferas de influência nem mira nenhum lado”, disse, em transcrição e tradução feitas com apoio de jornalistas chineses.

“O que os povos latino-americanos querem construir é a sua própria casa, não o quintal de outras pessoas”, disse Wang, em referência aos que descrevem a região como quintal dos Estados Unidos.

“O que os países latino-americanos esperam é independência, não monroísmo”, acrescentou, em aparente referência à Doutrina Monroe, dos EUA, que preconiza que o Hemisfério Ocidental é para os americanos, não potências de fora.

“A razão pela qual a cooperação China-América Latina é popular é que ela respeita a vontade dos povos latino-americanos, atende às necessidades dos países e fornece uma alternativa confiável e ampla perspectiva para a revitalização da América Latina”, completou.

Quanto ao fórum, Lula e o líder chinês, Xi Jinping, estarão antes em Moscou com o presidente russo, Vladimir Putin, em 9 de maio, para comemorar o Dia da Vitória –os 80 anos da capitulação da Alemanha na Grande Guerra Patriótica, como é chamada a Segunda Guerra Mundial na Rússia.

O presidente brasileiro deve viajar após um ou dois dias para Pequim, mas antes é preciso alterar a data do fórum, que estava marcada para uma semana depois. “Tem que aproximar essas datas, isso é uma coisa que estão discutindo, o Itamaraty é que está levando”, diz Amorim. “Mas são detalhes. Os chineses querem muito que Lula vá.”

Na coletiva, realizada no âmbito das chamadas Duas Sessões, os encontros anuais paralelos da Assembleia Popular Nacional e da Conferência Consultiva, Wang privilegiou questões levantadas por veículos oficiais chineses e de países do grupo Brics, como Índia, Indonésia e Nigéria –com perguntas sobre a relação de Pequim com seus países e regiões.

Em relação à primeira, falou, em nova menção indireta aos EUA: “Como membros importantes do sul global, temos a responsabilidade de assumir a liderança na oposição ao hegemonismo. Quando a China e a Índia se unem, as perspectivas de um sul global mais forte melhorarão muito”.

Usando seguidamente a expressão, relativa aos emergentes, disse que “o sul global é uma força chave para a manutenção da paz mundial”. Ele deve “falar com uma só voz”, se unir. “Nós lutamos contra o colonialismo e contra o hegemonismo juntos”, argumentou.

Também ouviu questões de mídia ocidental, como CNN e agência Reuters. Tendo como alvo não explicitado o presidente americano, Donald Trump, questionou o “bullying” contra países mais fracos e as “tarifas arbitrárias” adotadas no último mês e meio.



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