Espero que irmã tenha partido sem sofrer, diz parente – 10/03/2025 – Cotidiano


Parentes de vítimas do incêndio em uma casa de acolhimento lamentaram o episódio ocorrido na madrugada desta segunda-feira (10) em São José dos Campos (a 97 km de São Paulo). Quatro pessoas morreram e outras nove ficaram feridas.

Um homem incendiou um sofá, e as chamas se espalharam pelo imóvel, segundo a Polícia Militar. O suspeito foi identificado e preso em flagrante. A casa na cidade do interior de São Paulo recebe pessoas em vulnerabilidade, em situação de rua e doentes.

Marcia Aparecida Santini, 60, é uma das vítimas do incêndio. Conhecida como vózinha, ela tinha deficiência intelectual.

Santini morou com os pais até eles morrerem e passou outros 15 anos com seu irmão Edson Santini, 68, e a esposa dele. Até que, após uma queda, cuidar dela tornou-se um desafio e foi preciso buscar um espaço de acolhimento.

“Ela morava há pouco mais de três anos na casa. Era como uma criança grande, não largava a boneca. Já não andava e balbuciava algumas poucas palavras. Era uma moça alegre, inocente”, conta Edson.

Ele soube na manhã desta segunda que sua irmã estava entre as vítimas. “Meu filho chegou em casa por volta das 8h e comentou sobre o incêndio. Quando peguei o celular para ver as notícias, li a mensagem da fundadora da casa informando sobre Marcia. Foi um baque”, diz.

“Ela era muito bem tratada por todos da casa, estava sempre limpinha e alimentada. Meu único questionamento é como um espaço que recebe idosos, acamados e pessoas com deficiência também permite a entrada de ‘nóias’?”, completa. “Espero que minha irmã tenha partido sem sofrer.”

O Corpo de Bombeiros confirmou que havia 22 pessoas no local. Segundo informações da Prefeitura de São José dos Campos, três delas foram socorridas para o hospital municipal, incluindo um bombeiro, que posteriormente foi transferido para a Santa Casa.

Outras seis pessoas, afetadas pela inalação de fumaça, foram encaminhadas para as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) dos bairros Campo dos Alemães e Putim.

Segundo a Polícia Científica, os corpos chegaram logo cedo ao IML. Devido ao estado, o reconhecimento deve ser feito por meio de arcada dentária e, se preciso, DNA. Não há prazo certo para que isso ocorra. Sabe-se, no entanto, que se trata de duas mulheres e dois homens.

Fundadora do espaço, Andrea Laporta, 48, conta que foi acordada na madrugada pelos moradores da casa. “Me avisaram que uma pessoa havia usado combustível para atear fogo no sofá do brechó [que funcionava no espaço]. Quando cheguei, não deu tempo de nada. O fogo se alastrou muito rápido. Eu tentei entrar, mas fui impedida por todos”, disse, emocionada.

O homem suspeito de ter iniciado o fogo, segundo ela, é usuário de drogas e já conhecido pelos moradores e voluntários. Na casa, ele recebia acolhimento e refeições regularmente.

“Falei que não poderia recebê-lo quando estivesse usado algum entorpecente. E que, já que estava trabalhando, como ele me contou, que ele poderia comer no restaurante popular [Bom Prato]. Não houve briga, mas bastou eu negar recebê-lo uma vez e olha o que ele fez”, diz a fundadora.

O espaço, segundo ela, era mantido por voluntários por meio de doações.



Source link

Adicionar aos favoritos o Link permanente.