Obra limpa e conservada: Conheça as estratégias para uma construção organizada

Com experiência na gestão de obras, o arquiteto Bruno Moraes traz orientações para evitar sujeira e prejuízos durante construções e reformas em geral, melhorando práticas para a proteção e organização dos insumos

Quem escuta a palavra ‘obra’ logo associa com barulho, sujeira, bagunça e perda de materiais, grandes sinônimos de desperdício e alto custo. Mas, quando utilizamos os processos adequados, é possível realizar construções e reformas de forma organizada e sem as famosas e recorrentes dores de cabeça. Com 15 anos de experiência em gerenciamento de obras, o arquiteto Bruno Moraesà frente do BMA Studio, explica como conseguir esses resultados a partir de um planejamento pautado em ações que resultarão em uma obra com um novo panorama.

Planejamento

Para que tudo fique organizado, é necessário contar com um planejamento para cada etapa. Atualmente, o universo das obras conta com ferramentas digitais que facilitam o gerenciamento de cronogramas e a comunicação entre a equipe, como os aplicativos de gestão de obras que ajudam a monitorar cada etapa do processo, garantindo que todas as atividades sejam executadas no prazo e com a qualidade esperada.

Aqui no escritório, nós utilizamos um aplicativo específico que se comunica tanto com a equipe quanto com os nossos clientes. Mas para quem deseja realizar a obra de forma solo um simples app, como o Trello, já pode ajudar no cronograma de uma obra bem-sucedida“, relata o arquiteto.

Bruno Moraes também destaca a importância de incluir no cronograma um tempo dedicado à limpeza e organização diária. “Nas obras que gerenciamos, mantemos a prática de encerrar o expediente 15 minutos antes para que a equipe possa realizar a varrição, conferir as proteções e guardar ferramentas. Além disso, utilizamos checklists digitais para garantir que nada seja esquecido“.

Contribuindo para a política de boa vizinhança, o escritório posiciona uma plaquinha bem humorada para avisar os moradores sobre a ocorrência de obras no local. Também há a possibilidade de deixar uma cestinha aos vizinhos com um bilhete e um mimo para aqueles dias de obras pesadas | Obra BMA Studio | Foto: Divulgação

Com o que ter cuidado?

Em todas as etapas, é necessário ficar atento a tudo que cerca o local e identificar quais materiais podem, porventura, serem danificados durante o período da obra, como o caso de itens mais delicados como vidros, pisos, revestimentos, tampos e móveis, entre outros.

De acordo com Bruno, materiais de proteção como papelão liso ou corrugado – em diferentes gramaturas, plástico bolha ou normal, lonas – com diferentes espessuras, mantas impermeabilizantes ou emborrachadas nunca são gastos supérfluos, pois às vezes, o barato pode sair muito caro. Materiais de proteção reutilizáveis e biodegradáveis estão ganhando espaço no mercado, como lonas de PVC reciclado e mantas feitas de materiais sustentáveis.

Um ambiente organizado diminui os riscos de acidentes, como quedas e choques elétricos, além de facilitar a identificação de áreas com potencial perigo | Obra BMA Studio | Foto: Divulgação

Ao deixar de proteger móveis ou o piso, um arranhão pode ser muito mais oneroso para reparar ao investir em proteção. Sem contar os aborrecimentos por causa dos danos e desgastes não previstos”, avalia.

Cada material, uma proteção diferente

Bruno Moraes explica que, com o avanço dos materiais, hoje temos opções mais eficientes e adaptadas a cada tipo de superfície:

·         Lona de plástico: protege contra poeira, tintas e riscos superficiais. O arquiteto indica instalar lonas fixas no teto e pisos, formando uma cortina fixa, para não entrar pó em outros ambientes do imóvel;

·         Papelão ondulado: recomendado contra poeira, riscos e impactos diversos. Porém, com muita umidade ele pode dissolver e até manchar aquilo que está em sua proteção. Portanto, será preciso trocar com frequência;

·         Mantas emborrachadas: asseguram proteção contra poeira, riscos e são muito resistentes contra impactos. São ótimas opções, mas têm um custo um pouco mais elevado. Segundo o profissional, vale a pena pela segurança;

·         Manta de polietileno ou madeirites: são ótimos para proteção contra impactos durante a execução da obra;

·         Manta impermeabilizante: ideais para proteger da umidade;

·         ‘Salva Pisos’: trata-se de uma espécie de papel bolha mais rígido, fixado a um papel Kraft laminado bem resistente, propiciando proteção contra impactos, poeira, riscos e líquidos, como respingos de tinta;

·         O filme azul de proteção: Uso muito para envelopar bancadas, cubas e os metais da obra. Ele tem um adesivo no filme que facilita muito a instalação e protege contra riscos superficiais.

O arquiteto à frente do BMA Studio afirma a preferência do escritório por uma combinação de materiais capazes de resistir tanto aos impactos, como também à umidade ou aos desgastes, como no caso da circulação dos profissionais. “Por isso é tão importante reunir vários tipos de proteções na obra. Não adianta apenas cobrir uma bancada de pedra ou piso com uma lona preta, pois ela salvaguardará apenas a incidência de sujeiras e umidade. Todavia, caso ocorra a queda de algum objeto pesado, não haverá nenhuma proteção contra impacto“, avisa.

Revestimentos

Bruno Moraes recomenda o uso de manta de polietileno combinada com papelão de alta densidade para proteger pisos de madeira, evitando marcas e umidade excessiva | Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

Independentemente do tipo de revestimento, é essencial protegê-lo. Desde o mais delicado, como um assoalho de madeira, ou mais resistente como um porcelanato. Afinal, há a grande chance de riscá-los, receber respingos de tinta ou danificá-los com a queda de uma ferramenta pesada.

Bruno explica que cada piso tem sua peculiaridade na hora de realizar a proteção. Por exemplo, para o assoalho de madeira, ele não indica utilizar a ondulação do papelão – tipo corrugado, para baixo, pois poderá marcar. Também não é recomendado unir um papelão com outro utilizando fitas colantes, pois o piso também precisa respirar, principalmente após a instalação. Já no caso do porcelanato, é possível realizar a proteção com papelão e a vedação de todas as frestas com fitas colantes, de forma que não entre nenhum vestígio da obra para baixo.”Hoje temos fitas específicas para obras, que não deixam resíduos e são fáceis de remover“, explica o arquiteto.

Pintura e acabamentos

A compra de materiais mais baratos ou menos resistentes implica em uma troca com mais frequência, haja vista que alguns podem se decompor com o tempo da obra | Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

A tinta, por ser um produto líquido, demanda uma proteção que não estrague com a umidade. Nesse caso, o arquiteto sugere o plástico bolha, ‘salva piso’, lona, vinil ou o madeirite, entre outras opções disponíveis no mercado. Na união entre os materiais citados, é indispensável efetuar o isolamento de forma correta, para que a tinta não escorra nas frestas, nem alcance a altura do piso. No processo da pintura, Bruno aconselha sempre proteger com fita de pintura as portas, interruptores e quaisquer outros itens que possam receber respingos de tinta.

Cuidado com intempéries

Em obras de instalação do piso da varanda é necessário fechar o ambiente com uma manta de proteção até o teto ou tapumar, quando permitido, como meio de proteção do local contra a poeira, ventos e chuva, quando está sem o fechamento de vidro | Obra BMA Studio | Foto: Divulgação

Com as mudanças climáticas em alta, as obras estão cada vez mais sujeitas a intempéries. Bruno Moraes recomenda o uso de tapumes, que além de proteger contra chuva e vento, ajudam a controlar a temperatura interna do ambiente. “Em obras externas, como fachadas, esses tapumes são essenciais para garantir a segurança e a qualidade do trabalho“, afirma. Além disso, o uso de mantas térmicas para proteção de áreas expostas tem se tornado uma prática comum, especialmente em regiões com clima mais extremo.

Descarte correto

Empresas especializadas contam com a tecnologia, infraestrutura e expertise necessárias para tratar, reciclar e descartar os resíduos | Foto: Pexels

Por fim, é preciso pensar na gestão de descarte de resíduos em qualquer obra, tanto para cumprir as normas ambientais quanto para reduzir o impacto no meio ambiente. Bruno enfatiza a importância de adotar práticas sustentáveis desde o início da obra. “Hoje, a gestão de resíduos não é apenas uma obrigação legal, mas também uma responsabilidade social. Separar os materiais recicláveis dos não recicláveis e descartá-los corretamente é lei e comprova o comprometimento da empresa com a responsabilidade socioambiental”, afirma. Algumas práticas recomendadas para a gestão de resíduos incluem:

  • Segmentar os resíduos: Separar os materiais em categorias como madeira, metal, plástico, gesso e entulho facilita a reciclagem e o descarte adequado;
  • Uso de caçambas: Para resíduos sólidos, como entulho, é importante utilizar caçambas licenciadas e seguir as normas municipais para o descarte;
  • Parceiros de reciclagem: Muitos materiais, como metais e plásticos, podem ser reaproveitados em parcerias com cooperativas ajudam a garantir que esses materiais tenham um destino correto;

Bruno também destaca a importância de utilizar tecnologias de rastreamento de resíduos, que permitem monitorar o destino final dos materiais descartados, garantindo que eles sejam tratados de forma ambientalmente correta. “Outra alternativa é contratar empresas de confiança especializadas nesse tipo de gestão, pois assim ficamos seguros quanto ao descarte correto dos insumos com profissionais capacitados“, finaliza.

Sobre BMA Studio     

Criado há 14 anos, o escritório é comandado por Bruno Moraes, arquiteto formado pela Faculdade Belas Artes de São Paulo (FEBASP) e pós-graduado em Gerenciamento de Empreendimentos na Construção Civil pela FAU Mackenzie. Bruno já passou por grandes escritórios, como o do arquiteto Siegbert Zanettini. 

Atua nas áreas de gerenciamento e execução de obras, concepção de projetos de casas, reforma de apartamentos, stands de apartamento decorado, retrofits, espaços corporativos e áreas comuns de edifícios. Dispõe de equipe própria de obra treinada para gerir os trabalhos com processos inteligentes, com diferenciais como um aplicativo personalizado para gestão das obras. Entre seus principais clientes estão: o Grupo Volkswagen, as multinacionais Arauco e Fabbri, os escritórios da Tecban (Banco 24h), as Sorveteiras Rochinha, um projeto de revitalização urbana no bairro do Bixiga. Além de obras diversas executadas em todas as regiões do Brasil e uma participação na Mostra Casa Saudável HBC. 

A marca BMA Studio conta com trabalhos e vídeos publicados em importantes veículos de arquitetura do Brasil. Bruno é colunista do Portal PiniWeb, é apresentador do PodCast de Arquitetura Corporativa para o ClubCasa Design, foi apresentador do PodCast do Viva Decora e desde 2019 participa do quadro de decoração do Programa da Eliana, no SBT.  Em 2023, marcou sua estreia na maior mostra de arquitetura das Américas, a CASACOR São Paulo. Com seu espaço ‘Cozinha Funcional’, foi vencedor do prêmio Melhor Ambiente, na categoria Cozinha Integrada ou Cozinha Gourmet, concedido pela VEJA São Paulo na 36ª edição. Em 2024, Bruno participou da mostra com seu living ‘Acalanto e Encontros’.

Autora:

Emilie Guimarães

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