Centro-extremista, eis Bolsonaro-Tarcísio segundo Machado, Deus e Vinicius


Nota antes que continue: este senhor afirmar que a democracia só existe se ele puder disputar vale por uma piada involuntária, não? Mais do que candidato, ele era o presidente. E tentou dar um golpe. Não fossem o golpismo e a necropolítica no curso da pandemia, talvez tivesse sido reeleito. Vamos nas graças da dialética: o Bolsonaro golpista e com teses homicidas em saúde nos livrou do… Bolsonaro morbidamente golpista. Adiante.

Para o governador de São Paulo, pode ser o melhor dos mundos. Sua situação no Estado é confortável — parte dos paulistas pensa, por exemplo, que a (in)segurança pública é responsabilidade de Lula —, e, até onde se enxerga, parece ter garantida a reeleição. No mais, basta-lhe torcer para que a eventual candidatura à Presidência lhe caia no colo, embora Bolsonaro faça uma esforço danado para tornar essa alternativa inviável, como já percebeu o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP.

A direita nem tão bolsonarista e os extremistas de centro do colunismo ficam irritados porque gostariam de ver um Tarcísio como uma espécie de imperativo categórico ou uma obviedade ululante (sem trocadilho aqui). Mas… Como Bolsonaro não vai desistir tão cedo, a menos que o STF acelere de modo excepcional o julgamento — e não creio que vá acontecer —, o governador tende a se acomodar na busca pela reeleição.

QUE FLOR É ESSA?
Tarcísio anunciou que comparecerá, mais uma vez, ao ato em defesa dos golpistas e contra o Supremo, que vai se realizar no Rio, no próximo dia 16. Que coisa!

Nessa hora, os extremistas de centro e os poetas do “bolsonarismo moderado” ficam um tantinho abúlicos. Gostariam de ver no governador uma espécie de flor rara nascida da “terra e do estrume” bolsonaristas. Nada de grosseria aqui. Estou citando Machado de Assis, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, Capítulo 11, aquele que carrega o famoso entretítulo “O Menino é o pai do homem”, que Machado tomou emprestado ao poeta Wordsworth.

Ocorre que, vamos para a Bíblia agora, existe o barro de que o mandatário de São Paulo é feito. Como em Gênesis 2:7, que adapto à circunstância:
“E formou Bolsonaro o Tarcísio do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e Tarcísio foi feito alma política vivente.”





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