Tarifas de Trump já em vigor e reação do Brasil. E Bolsonaro e seus reaças?


A reação do presidente tem sido mais cordata e suave até do que a de dirigentes europeus e de outros parceiros que estão sendo atingidos pela política de Trump. Ontem, o presidente americano se reuniu com empresários e investidores, que temem as consequências do desatino em curso. A exemplo do que fazem todos os de sua espécie, o mentiroso compulsivo ignorou a realidade e reafirmou suas escolhas.

Depois do anúncio, Lula convocou uma reunião para discutir o assunto nesta quarta, que deve juntar o presidente e os ministros que despacham no Palácio; Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, e o Itamaraty. Para lembrar: em seu primeiro mandato, Trump impôs tarifa adicional aos memos produtos, mas o Brasil negociou cotas que ficavam fora da sobretaxação, numa soma de US$ 5,7 bilhões.

No começo da noite de ontem, comunicado do porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, mandou brasa:
“De acordo com suas ordens executivas anteriores, uma tarifa de 25% sobre aço e alumínio, sem exceções ou isenções, entrará em vigor para o Canadá e todos os nossos outros parceiros comerciais à meia-noite de 12 de março”.

O comércio bilateral Brasil-EUA movimenta pouco mais de US$ 80 bilhões entre importação e exportação, e o soldo é deficitário para nós: algo em torno de US$ 250 milhões. Há outros sortilégios à vista se Trump cumprir a sua promessa: aí nas chamada “tarifas recíprocas”, que pode atingir o etanol.

É claro que o Brasil deve continuar no caminho da negociação. A estridência retórica não resolve nada. Mas também há uma limite para o entendimento: não sendo possível, resta a prática da reciprocidade, não é? Eles taxam de lá, e a gente taxa de cá. É o caminho, e isso começa a ser percebido com clareza pelos americanos, em que todos perdem — e daí a reação de quase pânico.

Trump vai parar? É difícil saber. Talvez só um resultado muito ruim para a economia — recessão americana, por exemplo, o que será péssimo para todo o mundo — possa forçá-lo a mudar de rota. Mas nem isso dá para afirmar com alguma segurança. Há nas suas escolhas muito de cegueira ideológica. O governo segue os passos, o que é estupefaciente, do tal “Projeto 25”, um emaranhado de reacionarismos, alguns pré-capitalistas, da tal “Heritage Foundation”. Procurem saber quem é o que pensa Alexandr Dugin, o guru de Vladimir Putin. Trata-se de delírios equivalentes: postulados contra o mundo moderno, contra o capitalismo globalizado e contra o cosmopolitismo cultural. Uma das características dos fanáticos consiste em achar que os maus resultados decorrentes das escolhas que fazem só provam que eles não foram radicais o bastante. E então eles dobram a dose do remédio que está dando errado.





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