Violência contra mulheres atinge recorde no Brasil

A violência contra mulheres no Brasil atingiu um dos patamares mais elevados dos últimos anos, com 37,5% das brasileiras relatando algum tipo de agressão em 2024. Isso representa 21,4 milhões de vítimas, segundo a pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, realizada pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O levantamento também aponta que 55,6% da população presenciou ou ouviu relatos de violência contra meninas e mulheres, incluindo assédio, agressões físicas e psicológicas.

Os dados mostram que a violência sexual dentro de relacionamentos segue preocupante: 21,1% das entrevistadas afirmaram ter sido forçadas a manter relações sexuais ou sofreram ofensas sexuais de um parceiro ou ex-companheiro. Mulheres entre 25 e 34 anos foram as mais afetadas, com 46,8% relatando algum tipo de agressão, enquanto mulheres negras representaram 41,9% dos casos, superando o índice de mulheres brancas (37,8%). A pesquisa também revelou que 49,6% das brasileiras acima de 16 anos sofreram assédio no último ano, atingindo o maior patamar desde 2017.

Outro dado preocupante diz respeito ao “controle coercitivo”, uma forma de violência psicológica e social que busca manipular e isolar a vítima. Mais da metade das mulheres brasileiras (50,4%) relataram ter passado por situações desse tipo, que incluem menosprezo, perseguição online, ameaças e restrição financeira. O levantamento indica que essa prática atinge mulheres de diferentes raças de forma quase equivalente, afetando 51,3% das brancas e 50,8% das negras.

Os feminicídios também atingiram recordes, com 1.459 mortes registradas até janeiro de 2025, o maior número da série histórica. Em termos proporcionais, o estado do Mato Grosso lidera o ranking com 1,23 feminicídios por 100 mil habitantes, enquanto São Paulo, em números absolutos, registrou 253 casos ao longo de 2024. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública e especialistas alertam que o aumento dos casos está diretamente ligado à impunidade e à falta de políticas públicas eficazes de combate à violência de gênero.

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