Mulheres na liderança: escolhas, desafios e a busca por ambientes que impulsionam o crescimento

Por Jussara Dutra, diretora-executiva de pessoas e organização da Senior Sistemas.

O crescimento da presença feminina no mercado de trabalho e, principalmente, em cargos de liderança, tem sido uma jornada de avanços e desafios. Se, por um lado, a representatividade aumentou nos últimos anos, por outro, as mulheres ainda enfrentam obstáculos que vão desde conciliar carreira e vida pessoal até a necessidade de provar constantemente sua competência.

Minha trajetória profissional começou há mais de 30 anos, sendo os últimos 17 anos na Senior Sistemas, e desde então, uma das minhas principais convicções sempre foi de que o conhecimento é o maior impulsionador do crescimento. Independentemente de gênero, a busca pelo aprendizado e pela qualificação é essencial para abrir portas e criar oportunidades. No entanto, o caminho para as mulheres ainda é permeado por questões complexas, desde estruturais como vagas em creches, os sociais ligados ao papel de cada membro da família com as tarefas domésticas e as emocionais.

Frequentemente vejo profissionais extremamente capacitadas duvidando de suas habilidades ou hesitando em se posicionar por receio da forma como serão percebidas. A verdade não é só uma questão de ter espaço nas organizações para as mulheres, elas próprias precisam se sentir pertencentes. Isso significa reconhecer o próprio valor, buscar crescimento contínuo e, principalmente, escolher os ambientes certos e ocupar plenamente seu lugar.

A importância de um ambiente que favorece o crescimento

Se existe algo fundamental para o desenvolvimento das mulheres no mundo corporativo, é a escolha de um ambiente que incentive sua evolução. Não basta ser respeitada, é preciso sentir-se motivada a crescer. Empresas que promovem diversidade e inclusão genuínas entendem que equipes diversas não são apenas uma questão de equidade, mas um diferencial estratégico para inovação e competitividade.

Desde que entrei na Senior, enxerguei na empresa um terreno fértil para crescer, justamente porque sempre houve um olhar voltado para o conhecimento, para a competência e para o potencial das pessoas. O reconhecimento das capacidades, independente do gênero, é um pilar essencial para qualquer empresa que deseja não apenas atrair, mas também reter talentos femininos e formar novas líderes.

Liderança feminina

O conceito de liderança está em constante evolução. Hoje, espera-se que líderes sejam inspiradores, empáticos e comprometidos com o desenvolvimento de suas equipes. Ao realizar mentoria com mulheres fica evidente como ainda se sentem inseguras ao assumir esses espaços. Há um padrão que precisa ser desconstruído: não há um modelo único de liderança.

Uma das reflexões que sempre trago para conversas sobre o tema é: se você fosse um homem, será que agiria da mesma forma? Muitas vezes, mulheres ajustam seu comportamento para agradar, evitar conflitos ou se enquadrar em um padrão pré-estabelecido. Independentemente do seu gênero, um líder precisa exercer a influência, com empatia e capacidade de impulsionar pessoas ao seu redor a entregarem seu melhor.

Empresas com ambientes mais inclusivos entendem que não basta contratar mais mulheres competentes – é preciso garantir que elas tenham voz, espaço para se desenvolver e que suas jornadas de carreira considerem suas necessidades reais, como o impacto da maternidade na trajetória profissional.

Carreira, maternidade e equilíbrio

Conciliar crescimento profissional e maternidade é um dos principais desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho. Embora as empresas tenham avançado na criação de políticas de suporte, ainda há uma grande lacuna quando falamos sobre equidade na divisão de responsabilidades dentro e fora do ambiente profissional.

Tive o privilégio de contar com uma rede de apoio forte e com um ambiente corporativo que permitiu conciliar carreira e família sem precisar renunciar a nenhuma das duas. Mas sei que essa não é a realidade de muitas mulheres. Ainda há uma necessidade urgente de mudanças estruturais nas políticas públicas e sociais.

Felizmente, vejo uma geração de homens assumindo papéis mais participativos na rotina familiar, o que naturalmente impacta a divisão de responsabilidades. Isso não apenas fortalece a relação dentro de casa, mas também contribui para que mulheres possam seguir crescendo profissionalmente sem o peso da dupla jornada.

Aprendizados e escolhas

Se pudesse deixar um conselho para as mulheres que desejam crescer em suas carreiras, eu diria: escolham bem onde querem estar e nunca deixem de aprender e acreditar em seu potencial. O crescimento profissional é uma construção contínua, e cada decisão ao longo dessa trajetória faz diferença.

Invista no conhecimento: o aprendizado contínuo abre portas e fortalece a confiança. Esteja pronta e se as oportunidades não surgirem, tome as decisões necessárias para criá-las.

Busque ambientes que incentivem seu crescimento: procure organizações em que a cultura valorize a competência. Estar em um lugar onde seu potencial é reconhecido faz toda a diferença.

Tenha clareza sobre seus objetivos: traçar um caminho estratégico ajuda a superar desafios com mais assertividade.

Seja protagonista da sua história: assuma seu espaço e, confie na sua capacidade.

A presença feminina no mercado está crescendo, mas o caminho ainda exige esforço, estratégia e, principalmente, oportunidades justas para que cada mulher possa alcançar o seu melhor. Segundo o IBGE, as mulheres ainda recebem, em média, 20% menos que os homens no Brasil, mesmo ocupando funções equivalentes. Esse é um indicador de que ainda há um longo caminho a percorrer para a equidade no ambiente corporativo.

Eu espero que possamos, cada vez mais, reduzir as diferenças de valorização entre homens e mulheres no meio corporativo e construir um ambiente corporativo onde talento e dedicação sejam reconhecidos acima de qualquer outra característica. Afinal, liderança não é uma questão de gênero – é uma questão de competência, visão e entrega de valor para todos com quem se relaciona.

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