Vice de SP brinca com vida do padre Júlio ao culpá-lo por cracolândia


“Com essa forma de exposição, o vice-prefeito coloca a minha vida em risco, fomentando a ação de grupos radicais, pois o que ele fala tem peso”, disse o padre Júlio à coluna.

Linchar o Padre Júlio em praça pública é bem recebido por uma parcela que quer calar o incômodo causado pela existência de miseráveis. Mas também por aqueles que, preocupados com a grave situação social que temos no Centro de São Paulo, não culpam as causas que levam pessoas à situação de rua ou à dependência de drogas, mas aquele que tenta aliviar a dor delas. Talvez na expectativa de que morram todos por inanição, frio ou calor. Sem contar os arautos da especulação imobiliária, que são os verdadeiros donos da capital.

Não é a primeira vez que políticos atacam o padre Júlio. Sim, a tentativa recente da CPI das ONGs, ou melhor dizendo, a CPI do Padre Júlio, em São Paulo, padeceu de falta de criatividade. Excitados, os eleitores da extrema direita são mais facilmente mobilizados para cumprir tarefas em nome de suas lideranças. Temos um ex-presidente que se tornou especialista em manter seus seguidores radicais alertas de olho em suas necessidades particulares e políticas.

Diante da defesa da ação do padre Júlio e de tantas outras pessoas que dedicam sua vida àqueles que a sociedade rejeitou, aparece aquela frase: “Tá com dó? Leva pra casa!”

Ela é um clássico da internet. Proferida ad nauseam quando o tema é a vida enfrentada pela gente pobre, abandonada, drogada e prostituída que atrapalha a imagem que uma parte de São Paulo tem de si mesma. Ignora que não é levar o povo para a casa, mas fazer com que União, Estado e município cumpram sua função de garantir o mínimo de dignidade a quem não pode pagar por uma.

Gastamos mais tempo em atacar quem dedica sua vida a um problema do que investimos na solução deste problema. Faz sentido para uma sociedade que se orgulha de sua tolerância com as vidas que acredita não valerem nada contanto que elas não atrapalhem esteticamente a vista. E não façam barulho ao morrerem.





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