Boom da energia nuclear leva investimentos até a Alemanha – 15/03/2025 – Mercado


O interesse renovado pela energia atômica significa que o segundo maior fornecedor mundial de urânio enriquecido está se expandindo até mesmo na Alemanha, que continua sendo um elo essencial no ciclo internacional de combustível, apesar de ter desligado todos os seus reatores.

“Por mais estranho que possa parecer”, disse Ralf ter Haar, diretor financeiro da Urenco.

A Urenco, que perde apenas para a Rosatom da Rússia no negócio de separação dos isótopos de urânio necessários para a energia nuclear, viu sua carteira de pedidos aumentar no ano passado em mais de 25%, chegando a 18,7 bilhões de euros (US$ 20,4 bilhões).

Com mais países buscando usinas nucleares e concessionárias se afastando de uma cadeia de suprimentos controlada pelo Kremlin, o consórcio britânico-holandês-alemão vê novas oportunidades.

“As opiniões públicas na Alemanha estão mudando e se tornando mais positivas em relação à energia nuclear”, disse Haar em uma entrevista nesta sexta-feira (14). “Agora que vemos tudo mudando —os preços estão subindo, vemos um mercado muito maior e uma demanda crescente— também estamos investindo novamente.”

A geração de energia nuclear aumentará pelo menos 40% —e no cenário mais otimista pode quase triplicar—até meados do século, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica.

A Urenco possui instalações de enriquecimento na Alemanha, nos Países Baixos, no Reino Unido e nos EUA. Lá, eles operam centrífugas girando em velocidades supersônicas para separar os isótopos de urânio-235 necessários para sustentar a fissão nuclear.

Como o mesmo processo também pode produzir material para armas, o enriquecimento de urânio é um negócio altamente regulamentado com apenas um punhado de fornecedores globais.

A prolongada guerra da Rússia na Ucrânia expôs novos riscos de fornecimento para geradores de energia nuclear em economias ocidentais. Em novembro, o Kremlin anunciou que limitaria temporariamente as exportações de urânio enriquecido para os EUA.

Essas preocupações ajudaram a Urenco a conquistar mais negócios na Europa Central e Oriental. Nos EUA, mais concessionárias estão firmando contratos de longa duração.

“Temos contratos que vão até meados da década de 2040”, disse Haar. “Há muitas concessionárias nos EUA que garantiram a vida útil completa de suas usinas conosco apenas para ter certeza de que terão o combustível.”

A empresa está adotando uma abordagem mais cautelosa para o mercado em desenvolvimento de pequenos reatores modulares. Embora os investidores queiram que a tecnologia padronize a construção de reatores —e teoricamente reduza os preços fabricando componentes em fábricas— a viabilidade ainda precisa ser comprovada.

Atualmente, existem cerca de 80 tecnologias do tipo distintas competindo pela supremacia.

“Há muita ambição política, mas precisamos que isso se traduza em soluções concretas”, disse Haar. “Todos nos beneficiaríamos de ter clareza sobre quais designs vão vencer nesse mercado.”



Source link

Adicionar aos favoritos o Link permanente.