Exercício físico reduz risco de depressão pós-parto e melhora saúde mental das mães

A chegada de um bebê transforma a vida das mulheres de maneira intensa. O período pós-parto é marcado por mudanças hormonais, adaptações emocionais e uma nova rotina que pode ser desafiadora. Entre as dificuldades enfrentadas, a depressão pós-parto se destaca como uma condição que afeta um grande número de mães, impactando a saúde mental e o vínculo com o bebê e a dinâmica familiar.

Uma revisão de estudos publicada no British Journal of Sports Medicine revela que a prática de exercícios físicos pode ser uma estratégia eficaz para prevenir e reduzir os sintomas dessa condição. A análise, que reuniu dados de 35 estudos realizados em 14 países, com um total de 4.072 mulheres, aponta que a atividade física regular nos três primeiros meses após o parto pode diminuir em até 45% o risco de desenvolver depressão pós-parto.

Os benefícios foram observados mesmo com quantidades reduzidas de exercício. Mulheres que praticaram ao menos 80 minutos semanais de atividades de intensidade moderada, como caminhada rápida, bicicleta, ioga ou exercícios de resistência, apresentaram melhora significativa no bem-estar emocional. Além disso, o estudo indicou que quanto maior a frequência e o volume dos treinos, maior a redução na severidade dos sintomas depressivos e ansiosos.

O impacto da atividade física se dá tanto pelos efeitos fisiológicos, como a liberação de endorfinas e a melhora da circulação sanguínea, quanto pelo aspecto psicológico e social. Durante esse período, muitas mulheres enfrentam sentimentos de sobrecarga e isolamento, e a prática de exercícios pode representar um momento de resgate da individualidade, promovendo um espaço de autocuidado e bem-estar.

Além da depressão pós-parto, outra condição emocional comum nesse período é o baby blues, um quadro de alterações emocionais leves e passageiras. Diferente da depressão, o baby blues não é considerado uma doença e está diretamente relacionado às mudanças hormonais, privação de sono e adaptação à nova rotina. Ele costuma se manifestar nos primeiros dias após o parto e inclui sintomas como choro fácil, variações de humor, irritabilidade, ansiedade e cansaço físico e mental. Embora possa causar desconforto, essa condição tende a desaparecer espontaneamente dentro de algumas semanas.

Já a depressão pós-parto é um transtorno mais intenso e duradouro, que pode se estender por meses se não for tratado adequadamente. Seus sintomas incluem tristeza profunda, desânimo constante, falta de interesse em atividades antes prazerosas, dificuldades para cuidar do bebê, sentimento de culpa e, em casos mais graves, pensamentos negativos persistentes.

Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da depressão pós-parto. Entre eles, estão partos complicados, alterações hormonais mais bruscas, privação severa de sono, falta de suporte emocional, histórico de transtornos mentais e eventos estressores passados. O isolamento social também desempenha um papel importante, já que a ausência de uma rede de apoio pode agravar a sensação de exaustão e solidão.

Além do impacto na saúde materna, a doença pode comprometer a relação entre mãe e filho, afetando o desenvolvimento emocional e cognitivo do bebê. Por isso, identificar os sinais e buscar apoio profissional são passos necessários para garantir o bem-estar de ambos. O tratamento pode envolver acompanhamento psicológico, suporte psiquiátrico e mudanças na rotina para proporcionar mais equilíbrio emocional.

Embora a atividade física não substitua o tratamento especializado nos casos mais graves, ela se mostra uma ferramenta importante na promoção da saúde mental das mães. Além dos benefícios fisiológicos e emocionais, o exercício oferece oportunidades de socialização e contato com novos ambientes, reduzindo a sensação de isolamento. Caminhadas ao ar livre, aulas de ioga ou treinos leves adaptados ao período pós-parto são alternativas viáveis para incluir a prática no dia a dia.

Cuidar da saúde mental materna é  fundamental para uma adaptação mais saudável à maternidade. O incentivo à prática de atividades físicas pode ser um recurso eficiente na prevenção da depressão pós-parto, promovendo maior bem-estar e qualidade de vida para as mulheres e seus bebês. Afinal, o equilíbrio emocional da mãe reflete diretamente nos primeiros vínculos afetivos do recém-nascido e na construção de uma relação mais segura e saudável para toda a família.

 

 

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