Relação de Mabel com Câmara ainda não foi testada

O prefeito Sandro Mabel (União Brasil) goza de ampla maioria na Câmara dos Vereadores de Goiânia. Hoje, ele teria como oposição os três vereadores do PT (Fabrício Rosa, Edward Madureira e Kátia Maria), Aava Santiago (PSDB) e parte do PL. Ainda assim, ele só terá a real dessa base quando um projeto de desgaste chegar ao Parlamento.

Até o momento, única pauta de interesse da prefeitura de Goiânia foi a ampliação do prazo para adesão ao Programa de Recuperação de Créditos Tributários, Fiscais e Não Tributários (Refis). Medida benéfica, o projeto que estende o Refis, antes 28 de fevereiro, para 21 de março – e depois 30 de abril, por meio de emenda na Comissão de Constituição e Justiça -, não gera nenhum dissabor aos vereadores.

Mais polêmico, a taxa do lixo, que ainda não passou a valer, foi aprovada e sancionada na gestão passada, do então prefeito Rogério Cruz (Republicanos). Impopular, a medida teve resistência dos vereadores, mas passou no fim do ano passado – atendendo a pedidos de Mabel, mas não na gestão dele. Ainda assim, uma indisposição com o atual chefe do Executivo da capital.

Uma fonte na Câmara consultada pelo Jornal O HOJE afirma que a relação pública não reflete a privada. “Nos bastidores, existem reclamações”, preferiu não detalhar os insatisfeitos.

Vereador da oposição

O vereador Fabrício Rosa confirmou que, de fato, existe uma insatisfação nos bastidores. Segundo ele, colegas da base reclamam da falta de participação para a construção de políticas para a cidade. “Sinto que há um constrangimento, com vereadores se sentindo desprestigiados.” Para ele, a base real do prefeito é menor do aparenta. “Não conseguiu oferecer cargos e nem dar visibilidade a muitos que estão aqui.”

Um dos desgastes do prefeito com vereadores, como mencionado, é o não atendimento das demandas por cargos no Executivo, além dos cortes na estrutura da Comurg (redução de gerências e comissionados). Na última semana, ele se reuniu com 29 vereadores da base para tratar de um plano de recuperação da companhia com repasse de R$ 190 milhões à empresa. Conforme Fabrício, o clima tenso ficou claro na reunião, apesar de Mabel ter minimizado, mas admitido “ruídos”.

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Para alguns legisladores, é preciso que a medida passe pela Câmara, mas a prefeitura defende a instrução do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Conforme o TCM, a Comurg é uma empresa dependente da gestão municipal e a gestão poderia garantir o orçamento.

Desgastes com a população

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, já enfrentou alguns desgastes com a população, o que, obviamente, não ajuda com os vereadores – que são os representantes do povo. No fim de fevereiro, ele conseguiu uma repercussão negativa ao se irritar com as reclamações de um funcionário do Cais Novo Mundo.

O servidor criticava a estrutura da unidade e Mabel disse: “Entenda que está melhorando, bicho, queremos melhorar.” O servidor, por sua vez, diz que “não é dessa forma”, no que o prefeito rebate: “Mas não é dessa forma que você fala também.” Logo depois, o gestor pede que o homem seja retirado do local.

Sindicatos da saúde se manifestaram após a situação. Criticaram a posição de Mabel e sua equipe, alegando que culpabiliza servidores por problemas estruturais. “Não querem trabalhar”, “não têm compromisso” e ameaças de demissão foram posturas citadas. “Trata-se de uma clara tentativa de responsabilizar os servidores pelos sucessivos erros administrativos que se perpetuam na gestão municipal”, diz trecho da nota. “Em vez de ouvir e dialogar, o prefeito expulsou o trabalhador que apenas tentava expor as dificuldades enfrentadas no dia a dia.”

Não foi a primeira medida que gerou repercussão – tanto positiva, quanto negativa. Em 23 de fevereiro, Mabel publicou nas redes sociais um vídeo em que faz cobranças sobre o lixo em tom de ameaça a um comerciante de uma distribuidora de bebidas. Houve quem dissesse que o gestor humilhou o trabalhador. O prefeito minimizou as repercussões contrárias.

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