Quinto livro de ‘Jogos Vorazes’ repete fórmulas conhecidas – 18/03/2025 – Ilustrada


Queridinho do público, Haymitch Abernathy foi introduzido ao universo de “Jogos Vorazes” como o mentor alcoólatra de Katniss Everdeen e Peeta Mellark. A partir desta terça-feira, os fãs terão a chance de conhecer a sua história no livro “Amanhecer na Colheita”.

O quinto volume da saga de Suzanne Collins repete o formato de “prequel” inaugurado com “A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”, lançado em 2021, contando histórias que aconteceram antes da trilogia original.

Depois de examinar a adolescência do presidente Snow, ditador da distópica Panem, agora descobrimos os caminhos que levaram Haymitch a vencer a 50ª edição dos jogos sanguinários.

Há paralelos com a história da heroína Katniss, já que, assim como ela, o rapaz perdeu o pai em um acidente e ocupa o lugar de provedor da família. No entanto, há novos requintes de crueldade na narrativa: em vez de dois jovens selecionados para a morte televisionada, quatro adolescentes de cada distrito são jogados à própria sorte na arena.

Dividida em três partes, a obra começa no dia da colheita —evento anual de recrutamento dos jovens—, que coincide com o aniversário de 16 anos de Haymitch. Até então a sua vida girava em torno da namorada, a cantora Lenore Dove, e da destilaria de Hattie, responsável pelo aguardente consumido de forma ilegal pelos oficiais do distrito.

Após desembarcar na capital, o quarteto de Haymitch passa por treinamento com mentores e uma rodada de entrevistas. Nesse momento, há a apresentação de outros personagens conhecidos da série, caso de Effie Trinket, que dava os primeiros passos como estilista, e Caesar Flickerman, o apresentador do reality show.

Antes do início dos jogos, Haymitch se envolve numa trama golpista que busca dar fim a essa tradição —mas para dar sequência ao plano, ele precisa dançar conforme a música do vilão Snow.

Ao contrário de Katniss, que se destacou pela coragem e destreza no arco e flecha, o garoto é um azarão. “Arrogante. Autocentrado. Sarcástico. Estou canalizando todas essas coisas para poder apresentar um personagem consistente à audiência”, pensa o personagem. Aos olhos do público, o garoto tem ares de malandragem e atitude despreocupada, mas por dentro sofre de saudade da amada.

A dinâmica do jogo segue a mesma: confinados em um cenário idílico, os recrutados precisam sobreviver a armadilhas e lutar por sua sobrevivência.

A tese já conhecida da autora se reafirma diversas vezes ao longo das 448 páginas. Os jogos continuam existindo porque violência gera audiência. Na sociedade autoritária de Panem, a espetacularização do sofrimento alheio serve como lembrete para a população se manter obediente ao governo.

Ao longo do livro, conforme vai sofrendo as marcas dos acontecimentos da trama, Haymitch sobrevive para se tornar a figura melancólica familiar a quem leu os três primeiros livros da série, um homem que tem a bebida como sua maior companhia.

A narrativa do herói azarão não surpreende como o enredo de Katniss, mas oferece curiosidades aos fãs —os famosos “easter eggs”— e entrelaça as histórias dos outros quatro livros.

Collins joga seguro para agradar ao seu público fiel. Sem inovações ou grandes reviravoltas, o livro traz mais um capítulo do universo trágico da saga, e a previsibilidade do destino do protagonista torna a experiência pouco emocionante, pois a sensação de enredos reprisados é constante.

Assim como acontece em “A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”, as páginas de “Amanhecer na Colheita” estão recheadas de letras de músicas, indicando que sua adaptação em filme, já confirmada para 2026, também será um musical.



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