Exterior é muito mais importante para B3 que cena doméstica, diz economista


O cenário econômico global tem se mostrado mais relevante para a entrada de capital estrangeiro na B3 do que os fatores internos do Brasil, segundo análise da economista Carla Argenta, da CM Capital Markets.

A especialista destaca que o fluxo de investimentos para o país faz parte de um movimento mais amplo direcionado a economias em desenvolvimento.

De acordo com Argenta, a conjuntura internacional — incluindo dados positivos da China e estímulos econômicos na Europa — criou um ambiente propício para a migração de capitais dos países desenvolvidos para mercados emergentes.

Nesse contexto, o Brasil se destaca devido ao seu mercado financeiro desenvolvido e à presença de empresas ligadas à indústria extrativa mineral e ao agronegócio.

Fluxo de capital e setores beneficiados

A economista ressalta que o fluxo de capital estrangeiro para a B3 ainda é considerado incipiente e pontual, dada a incerteza em relação às políticas comerciais dos Estados Unidos.

Contudo, setores como a indústria extrativa mineral e empresas ligadas à formação bruta de capital fixo têm se beneficiado desse movimento.

Argenta também aponta para a atratividade da renda fixa brasileira, impulsionada pela política monetária do país, que contrasta com a tendência de redução de juros em economias desenvolvidas.

Na última quarta-feira (19), o Banco Central (BC) elevou a taxa Selic — que mede os juros básicos do país — em um ponto percentual, elevando-a a 14,25% ao ano, o maior patamar atingido desde 2016.

Essa combinação de fatores tem tornado o Brasil um destino atraente para investidores estrangeiros, tanto na renda variável quanto na renda fixa.

Perspectivas e desafios

Apesar do cenário positivo, a economista alerta para a necessidade de atenção à esfera fiscal e às estruturas econômicas do país.

As interações entre os poderes Executivo e Legislativo, bem como as políticas de longo prazo, podem influenciar a percepção do mercado nos próximos meses.

Por fim, Argenta destaca que, embora haja uma desaceleração da atividade econômica no Brasil, o processo é visto como gradual e não aponta para uma recessão.

A manutenção de condições macroeconômicas estáveis, incluindo o controle da inflação e um mercado de trabalho forte, contribui para a atratividade do país aos olhos dos investidores estrangeiros.

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