Glaucoma também pode afetar crianças e causar cegueira se não for diagnosticado precocemente

O glaucoma é uma das principais causas de cegueira no mundo e pode afetar não apenas idosos, mas também crianças. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença é responsável por 5% dos casos de cegueira infantil globalmente. Isso equivale a cerca de 75 mil crianças de 0 a 7 anos que perderam a visão devido ao problema. O perigo está no fato de que o glaucoma infantil pode evoluir silenciosamente, tornando o diagnóstico precoce essencial para evitar danos irreversíveis.

A oftalmopediatra Isabela Porto, do CBV – Hospital de Olhos, explica que o glaucoma infantil pode ter diversas causas, como anomalias congênitas no sistema de drenagem do olho, traumas, infecções e fatores genéticos. “A hereditariedade tem um papel importante. Crianças com histórico familiar da doença estão em maior risco”, alerta.

Além disso, os sintomas podem ser sutis e confundidos com outros problemas oculares. “Sensibilidade à luz, olhos avermelhados e lacrimejamento excessivo podem indicar glaucoma. Já em crianças mais velhas, a doença pode evoluir sem sinais evidentes”, afirma a especialista.

Tipos de glaucoma infantil e diagnóstico

A identificação do glaucoma em crianças pode ser desafiadora, já que elas nem sempre conseguem expressar o que sentem. O diagnóstico depende de exames oftalmológicos completos, que avaliam o diâmetro da córnea, a pressão intraocular e outros fatores. “Por isso, é fundamental que o exame seja feito por um especialista o quanto antes”, ressalta a oftalmopediatra.

O tipo mais comum da doença é o glaucoma congênito primário, que pode surgir desde o nascimento até os dois anos de idade. Ele provoca aumento da pressão intraocular e pode levar ao crescimento anormal do globo ocular. “Os pais devem observar sinais como olhos maiores que o normal, opacidade na córnea e sensibilidade à luz”, explica a médica.

Glaucoma
O tipo mais comum da doença é o glaucoma congênito primário, que pode surgir desde o nascimento até os dois anos de idade

Já o glaucoma secundário pode surgir após cirurgias para catarata congênita, traumas oculares, uso prolongado de corticoides ou devido a malformações oculares. Em crianças mais velhas, a doença pode progredir sem sintomas aparentes, reforçando a necessidade de consultas oftalmológicas regulares.

Tratamento e prevenção: caminhos para preservar a visão

O tratamento do glaucoma infantil varia de acordo com a gravidade do caso. O uso de colírios, cirurgias a laser ou procedimentos cirúrgicos convencionais pode ser necessário para controlar a pressão intraocular e evitar danos à visão. “O acompanhamento contínuo é fundamental. Os pais têm um papel essencial em garantir que a criança siga corretamente o tratamento e compareça às consultas”, enfatiza a especialista.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que todas as crianças realizem o Teste do Olhinho ainda na maternidade, seguido da primeira consulta oftalmológica entre 6 meses e um ano de idade. Como o glaucoma infantil muitas vezes é detectado tardiamente, iniciar o acompanhamento oftalmológico desde cedo pode fazer a diferença na preservação da visão.

Principais medidas para proteger a visão das crianças

  • Fique atento aos sinais: Sensibilidade à luz, olhos avermelhados e lacrimejamento excessivo podem ser indícios de glaucoma infantil.
  • Realize exames oftalmológicos regulares: A avaliação precoce pode detectar o problema antes que ele cause danos irreversíveis.
  • Conheça o histórico familiar: Se houver casos de glaucoma na família, o acompanhamento oftalmológico deve ser ainda mais rigoroso.
  • Evite a automedicação: O uso inadequado de colírios, especialmente os que contêm corticoides, pode contribuir para o desenvolvimento da doença.
  • Proteja os olhos contra traumas: Acidentes podem desencadear glaucoma secundário. Brinquedos adequados e supervisão são essenciais.
  • Siga corretamente o tratamento: Se houver diagnóstico, o uso correto da medicação e as consultas médicas são indispensáveis para o controle da doença.
  • Priorize a prevenção: O Teste do Olhinho e o acompanhamento oftalmológico desde os primeiros meses de vida são fundamentais para evitar complicações.

Mais do que tratar, o diagnóstico precoce é a melhor estratégia para combater o glaucoma infantil. “A visão é um dos sentidos mais preciosos e deve ser protegida desde os primeiros meses de vida. Quanto mais cedo detectamos qualquer anormalidade, maiores são as chances de garantir uma infância com qualidade visual”, conclui a Dra. Isabela Porto.

 

 

 

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